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[Entrevista] Lord Of The Lost: “O que você pode esperar do novo álbum? Todas as essências que vocês gostam de nós, mas ainda de uma forma muito nova”, comenta Pi

Em entrevista para o Tramamos, o guitarrista da banda Lord Of The Lost, Pi Stofferr, conta sobre a ideia de lançar uma trilogia de álbuns, como foi tocar no Brasil em 2023 e a expectativa para voltar no Bangers Open Air

O Lord Of The Lost é um dos nomes mais conhecidos atualmente no meio gótico e industrial, porém a banda não se limita a um estilo e está sempre experimentando novas sonoridades em seus álbuns.

O novo desafio dos músicos será a trilogia de álbuns, OPVS NOIR, que contará com 33 músicas no total sendo 11 para cada álbum. O primeiro será lançado no dia 8 de agosto de 2025.

Para falar sobre esse projeto, o show no Brasil em 2023 no Summer Breeze Brasil e a volta para São Paulo no Bangers Open Air, nossa jornalista Tamira Ferreira falou com o guitarrista Pi Stofferr e você confere tudo abaixo:

Vocês anunciaram um novo projeto, o OPVS NOIR, que já tem data para o primeiro lançamento em agosto de 2025. Você pode contar para nós um pouco como foi a ideia de lançar esse projeto e o que podemos esperar do primeiro álbum?

Como você surge com a ideia de lançar um álbum? Bem, somos uma banda, o que significa que gostamos de lançar álbuns. É o nosso nono álbum de estúdio, se você não contar os álbuns de covers e ao vivo.

Somos livres para fazer álbuns sempre que queremos.

Com esse projeto, como todos podem ver com a arte da capa e ouvindo o primeiro single, My Sanctuary, e tudo que já anunciamos até agora pelas redes sociais, você pode dizer que é uma direção diferente dos álbuns anteriores.

Por exemplo, Blood and Glitter era muito vibrante, muito vermelho e dourado, muito chamativo de alguma forma, falando visualmente.

Já Opus Noir é mais quieto e mais para baixo em comparação com a estética de glitter. É mais focado no lado sombrio de tudo que queremos comunicar.

Em cada álbum você tem algo diferente de nós porque gostamos de tentar coisas novas. Somos uma banda há 20 anos e se a gente começasse a nos repetir, isso ficaria muito tedioso, muito rápido, para nós.

Eu imagino que para algumas pessoas possa ficar difícil de nos acompanhar porque mudamos as direções, mais ou menos, em cada álbum. Seja no visual, ou as canções são diferentes, mas eu acho que a música sempre melhora.

Não é uma questão de nos acharmos, mas eu realmente gosto da música que estamos fazendo. E eu posso dizer isso com muita confiança, o que me deixa feliz.

Às vezes você lança alguma música que acha ok, mas com esse álbum, eu estou muito feliz com todos os experimentos que fizemos e eu acho que conseguimos.

O que você pode esperar? Todas as essências que vocês gostam de nós, mas ainda de uma forma muito nova.

Vocês surgiram com a ideia de uma trilogia no começo, ou vocês perceberam que tinham muitas músicas e não queriam cortar nenhuma?

Foi uma ideia muito rápida! Eu acho que era fazer uma trilogia ou não fazer, eu preciso me lembrar disso porque estamos escrevendo há um tempo…

Eu acho que a ideia de OPVS NOIR ser o título nasceu depois do segundo Lord Fest, então foi em 2023. Eu acho que a gente tinha muitas canções, mas não era o suficiente para uma trilogia.

Com o tempo, começamos a pensar, se o álbum se chama OPVS NOIR e acaba nos remetendo a álbuns como Use Your Illusion 1 e 2 do Guns N’ Roses, que eles lançaram com alguns meses de diferença, eu acho, e estava nas paradas ao mesmo tempo, o que é engraçado. Isso meio que alimentou a ideia de fazer algo parecido. A gente não pode se repetir, fazer um álbum duplo como Judas.

A gente também não está colocando um álbum triplo porque ele será lançado consecutivamente. Porém, a gente gosta de ideia de, essencialmente, fazer três álbuns como uma trilogia com cada álbum tendo 11 canções.

Isso é algo que nunca fazemos e gostamos muito da ideia.

Eu não sei o que surgiu primeiro, mas foi meio que uma mistura de ideias.

A banda é uma mistura de diferentes estilos e se influencia de várias bandas e artistas distintos. Como vocês se organizam na hora de criar um álbum e seguir um estilo que é único e pessoal para vocês?

É importante você seguir o que sai de você (risos). Eu não sei!

Quando você escreve músicas, pelo menos eu me sinto assim, não quero escrever algo igual uma banda de metal X. Se você não se repete, você acaba repetindo outra pessoa em seu próprio som. E a gente já fez álbuns covers, mas a gente não quer fazer um cover disso.

O que surge como uma ideia, precisa ser testado e categorizado como ruim ou bom para nós.

Não vamos dizer que não existe música que nos inspira, com certeza tem muita música que nos inspira de certas formas, mas não é da forma que queremos escrever músicas.

A gente quer escrever canções igual a nós e, às vezes, nos leva a singles como My Sanctuary, mas a gente também tem músicas em OPVS NOIR que são quase seis minutos e ele será um single.

É a nossa música, a gente pode fazer isso, nós podemos fazer isso, vamos tentar.

Vocês começam criando as letras, um conceito, ou com a melodia, ou acaba surgindo tudo junto? Como é esse processo de escrever um álbum?

Às vezes é tudo junto, porque muitas vezes, não sempre, a gente não trabalha sozinho. A gente trabalha em duplas, ou três pessoas.

Enquanto uma pessoa está trabalhando na música, tem outra pessoa no sofá atrás pensando em coisas que possam ser faladas nas letras.

Como cada álbum, isso acabou se tornando algo normal para nós durante os anos. A gente já começa com o nome das músicas ou frases que gostamos, expressões ou jogos de palavras, o que nos ajuda a ter ideias.

Às vezes é dessa forma, tem vezes que vem de um pedaço de música, um minuto de música que você tem como uma anotação de voz, ou uma demo no seu computador. Algumas vezes a gente coloca demos que não estão relacionadas juntas e vemos se elas se encaixam. Ou muda as nuances para caber na voz do Chris.

A gente também troca sonoridades, porque as demos são como as coisas que você já tem em sua mente que pode ser um tópico legal para uma música. Mas às vezes você precisa que a sonoridade mude porque você escreveu uma demo que não soa como a banda porque não há os elementos clássicos: órgão de igreja, bateria dos anos 80… Pode ser uma canção completamente diferente, mas quando a gente inclui esses elementos e os muda para tornar a nossa música, pode ser tornar uma canção do Lord Of The Lost.

Mas passa por diferentes fases: “É bom o suficiente para nós, a gente realmente gosta dela, tem a ver com a gente, sentimos a mesma coisa no outro dia?”

É sempre diferente como a coisa se cristaliza na hora de escrever canções.

Vocês seguem diferentes temas nas suas músicas, mas acabam falando muito sobre questões sociais e que envolvem o mundo inteiro. Como vocês veem essa relação da música com o que está acontecendo no mundo?

Não é necessário fazer músicas sobre tópicos globais, problemas sociais ou discrepâncias ou as coisas não estando certas no mundo. Entretanto, cabe ao artista, eu acho, de decidir se eles querem fazer isso ou não. Não cabe a mais ninguém dizer: “Você não é isso, é apenas artista”.

Eu odeio esse comentário, é tipo: “Quem é você para me dizer sobre o que falar, porra?”

Estou aqui para me expressar, e, então, te entreter.

Não acho que é necessário porque há muitas músicas que falam sobre diversão, festejar, não sei, amor, que são elementos importantes na vida humana, mas a vida real, do dia a dia, nos influencia por coisas globais, o que está acontecendo.

Quando a inspiração está lá, seja amor ou festa… A gente também tem canções sobre festejar. Porém, a gente também tem canções, nesse álbum, sobre assuntos pessoais e internos, sobre problemas sociais e eu acho que é importante.

Para mim, é importante falar sobre essas coisas porque elas me movem e a melhor forma de falar sobre elas, se não com as pessoas que são próximas de mim, é pela música.

É a segunda vez de vocês no Brasil e no mesmo festival. Como foi a experiência de tocar aqui no Brasil em 2023 e como está a expectativa para esse ano?

Foi muito incrível, a gente teve um momento excelente em São Paulo, a gente teve, eu acho, um dia antes do festival livre e um dia depois. Eu não lembro muito bem.

São Paulo, em geral, foi muito legal de ver um pouco, pelo menos. Eu me lembro de pegar um uber para um restaurante e apenas comer lá porque eu pesquisei no Google: “restaurantes legais em São Paulo”. Eu fui até lá e peguei comida também para o Chris.

O festival, eu senti que a atmosfera foi algo que eu espero quando quero ir para um festival porque você realmente sente que as pessoas estão se divertindo com a música. Eu acho que isso é muito importante para festivais de música.

Tem festivais que são apenas sobre festejar, beber e coisas assim. De certa forma, isso é um aspecto importante em festival porque é sobre se divertir.

Porém, eu amo que as pessoas também são grandes fãs da música e, basicamente, todas as bandas que tocam lá tem a sua parte de interesse. O que eu gosto muito.

Eu amei em 2023 e estou animado por esse ano. E está muito perto, é em duas, três semanas?

Sim, em duas semanas.

Está muito perto, estou animado, com certeza.

Primeiramente, por voltar a temperaturas mais quentes, eu espero que seja quente, não sei.

Está um pouco frio hoje, mas estará mais quente no festival.

Sim, mas eu sou de Hamburgo, sabe?

(risos) Vai estar mais quente para você.

Ok! Da última vez, a gente teve um show incrível.

Às vezes você tem problemas técnicos em shows e a gente já teve, mas a atmosfera foi tão incrível que a gente consegue ignorar.

Eu tive um problema com o meu retorno, mas foi ótimo, eu coloquei um fone e fiquei ouvindo o público, os sons altos que vinham para o palco. Foi ótimo!

Eu espero que seja ótimo, senão melhor.

Bangers Open Air tem a proposta de trazer bandas novas para o Brasil para tocar com grandes nomes do heavy metal. O que você acha dessa ideia de trazer bandas para o Brasil que talvez não teriam a oportunidade de vir em um show solo?

Eu acho que é bom! Especialmente hoje em dia, de algumas formas, é muito fácil, não é fácil, é muito simples de ser visto como uma banda porque você tem seu celular e mídias sociais.

Entretanto, ser visto em mídias sociais, não é a mesma coisa que ser visto ao vivo, em um palco. E não podem tirar isso de nós, porque você tem que estar no palco para performar. Pode ser difícil ir para novos países, ou até mesmo novas cidades. Mas não é apenas ir para uma nova cidade, ou país, sim outro continente, é imenso.

Talvez algumas pessoas no Reino Unido não te conheçam, mas você tem o seu segundo maior público na América do Sul, sendo uma banda alemã, ou de onde quer que seja.  O que é muito legal e essa é uma pequena parte de como você mantém a música ao vivo. Isso é muito importante.

 

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