[Entrevista] Confira nosso bate papo com Sami Hinkka do Ensiferum, atração do Bangers Open Air 2025!
Com bom humor, simpatia e muito comunicativo, Sami Hinkka, baixista do Ensiferum, nos conta sobre a produção do álbum novo “Winter Storm” a participação de Madeleine Liljestam (Eleine, Vocalista) no disco, a parte de business de gravadoras com quem trabalhou, e sobre o Bangers Open Air, o maior festival de metal do Brasil, onde serão uma das principais atrações.
Confira abaixo a entrevista com nosso colaborador Fernando Queiroz:
Fernando Queiroz: Boa tarde, Sami, ou boa noite por aí já! É um prazer falar com você e obrigado por sua atenção.
Sami Hinka: Boa tarde, Fernando! Como você está? Eu que agradeço por vocês tirarem um tempo para falar conosco. Aí creio que seja meio da tarde, então fico muito grato por terem reservado esse tempo do dia para conversarmos! Para mim, isso é muito importante!
Fernando: Ah, imagina! Deu super certo os horários. E você, como está? Animado com o lançamento do novo disco?
Sami: Sim! Agora tudo está ótimo. Álbum pronto, tudo já se encaminhando para os finalmentes. Agora é a parte boa.
Fernando: Bem, vocês já estão bem próximos de lançar o álbum Winter Storm, certo?
Sami: Sim, já na próxima semana.
Fernando: E devo dizer, o álbum está muito bom!
Sami: Poxa, muito obrigado.
Fernando: E como você descreveria o processo criativo dele, e como ele difere do álbum anterior, o Thalassic, em termos de produção e proposta?
Sami: Acho que a produção é bem similar. Tivemos o mesmo time, sabe? Jens Bogren também mixou e masterizou o Thalassic e agora o Winter Storm, e produtor também foi o mesmo (Janne Joutsenniemi), e temos alguém que é como uma arma secreta, talvez quase um sexto membro do Ensiferum, o Mikko Mustonen, que faz nossas orquestrações desde o From Afar. Então a produção do álbum é quase a mesma. Mas os álbuns em si, bom, são como se fossem de planetas diferentes! O Thalassic foi composto mais ou menos dois anos antes da pandemia, e eram tempos bem diferentes. (risos) Na verdade, o mundo todo era diferente! E acaba que o Thalassic, especialmente agora, acho que se tornou algo bem suave de ouvir, sabe? Bem direto e reto, as canções são bem condizentes umas com as outras, e acabou sendo nosso álbum de maior sucesso se formos ver os números. Mas, bem, não pudemos fazer turnê dele. Foi lançado bem durante a pandemia. Queríamos lançar ele, de qualquer forma, sabíamos que era um álbum que deveria ser lançado, e muitos fãs até nos mandaram “obrigado por isso”, porque realmente foi um tempo muito difícil para todos no planeta inteiro. Recebemos mensagens de muita gente que, por exemplo, tocavam instrumentos e falavam que estavam treinando nossas músicas novas na guitarra, no piano, o que quer que seja. Mas depois a maré mudou, a coisa foi se amenizando e finalmente pudemos fazer turnês, mas já queríamos começar a trabalhar no próximo álbum. Isso foi muito mais difícil do que poderíamos imaginar. Porque como eu disse, o Thalassic foi composto em um momento diferente e eu acho que cada álbum reflete… como posso dizer?
Fernando: A realidade que estamos vivendo, talvez.
Sami: Perfeito! A realidade que vivíamos no momento, alguns anos antes do álbum ser lançado. Claro, tínhamos já algumas ideias bem cruas, não é como se tivéssemos que começar do zero, com tudo vazio. Mas realmente começamos a fazer arranjos e composições mais elaboradas em uma situação bem diferente. Nem sequer sabíamos o que ia acontecer com toda a cena de música ao vivo pelo mundo. Claro, agora é bem fácil olhar para trás e dizer “ah, foram só uns dois anos bem difíceis”, mas bom, você também passou por isso, todos passamos e não sabíamos o que ia acontecer, que tipo de restrições teríamos, nada do tipo.
Fernando: A gente mal podia sair de casa para tomar um café!
Sami: Nossa, nem me lembre! Claro, a Finlândia foi possivelmente um dos países mais fáceis nisso, já que é um lugar com poucas pessoas. Claro, se você fosse ao shopping ou algo assim, você veria várias lojas fechadas e não tinha quase ninguém por aí. As pessoas começaram a comprar mais e mais online, as lojas de conveniência por aqui começaram a ter mais e mais delivery’s. Enfim, foram tempos difíceis para se começar a compor um álbum, porque geralmente você precisa viver uma experiência, conhecer pessoas novas e viajar por aí. Quer dizer, nem sempre, mas é algo importante. Você lança um álbum, sai em turnê e tem novas experiências, tem novas ideias, vê coisas, filmes novos são lançados que acabam te dando ideias. E naquele momento, bom, não tínhamos praticamente nada, então foi bem difícil começar a compor de novo. Demorou cerca de uns dois anos para conseguirmos tocar a coisa para frente de novo. Claro, ficamos algum tempo ensaiando e trocando Demos de ideias cruas entre nós. Mas foi mais ou menos uns dois anos para engrenar mesmo.
Fernando: Certo, bem, para esse novo álbum, vocês chamaram para uma música – uma música muito bonita, aliás -, a vocalista Madeleine Liljestam, da banda Eleine, que cantou a canção inteira. Como vocês chegaram à ideia de ter uma música inteira cantada por uma vocalista convidada e como chegaram especificamente no nome da Madeleine?
Sami: Realmente, é uma música muito bonita! Acho que uma das mais bonitas que o Markus (Toivonen) já compôs. Digo, a melodia dela, eu lembro bem a primeira vez que ele chegou com a demo crua da canção, com acho que só umas duas partes, ou algo assim. Ficamos tipo “isso é bom demais, foi você mesmo que compôs isso?” (risos). E eu diria que é uma das mais retas e diretas do álbum, foi uma das mais fáceis de fazer os arranjos, não tem tanta coisa acontecendo, é bem “alfa para ômega”, mas estava bem óbvio desde o começo o problema que era “como vamos fazer os vocais?”, e quando eu tive a ideia das letras, sobre o que a música trataria, eu escrevi algumas linhas e enviei algumas ideias de linhas vocais. O Pekka (Montin) tentou algumas técnicas diferentes, alguns vocais limpos, e ficamos “é, ok”, e daí o Pete (Petri Lindroos) tentou com vocais guturais, e tinha ficado fantástico. Como uma balada Death Metal!
Fernando: O Insomnium fez algo assim.
Sami: Sim, exatamente, eles têm mesmo músicas muito bonitas com vocais guturais. Mas sabíamos ali que, para esse caso, não ia funcionar. Acho que o primeiro a dizer que não ia funcionar em alto e bom tom foi o baterista Janne (Parviainen), mas todos sabíamos no fim que essa música precisava de vocais femininos. Mas nós não conseguíamos ter a ideia de quem seria a cantora que convidaríamos. Acho que mais ou menos um ano atrás nós fizemos uma turnê com o Pain, o Eleine e o Ryujin, e aí decidimos “vamos para a turnê e depois voltamos a esse assunto”. Acho que já no segundo show nós fomos ver as outras bandas tocando e todos nós (do Ensiferum) ficamos “ei, ela é uma excelente cantora! Tem uma baita técnica, uma voz forte, mas também sensível”, ela realmente domina muito bem a voz. E em um momento da turnê nós perguntamos se ela estaria interessada (em gravar a música), dissemos que mandaríamos a demo quando voltássemos da turnê. E então ela nos enviou de volta alguns segundos cantando alguns takes e ficamos “nossa, isso é perfeito!”. Bem, ela veio para a Finlândia gravar, fez a mágica dela e ficou fantástico. Tem um detalhe que sempre gosto de falar sobre essa música. Esse álbum inteiro é muito épico, muito cinemático, grandioso, tem bastante coisa acontecendo ali, e com os coros, os vocais limpos do Pekka, que às vezes se misturam com os guturais do Pekka, e fica aquela coisa com dualidade. Mas nessa música só tem uma faixa vocal, e isso dá ênfase na solidão que a música representa. Ela é da perspectiva de uma viúva nessa grande história, que agora está à beira-mar. Não é uma canção com muitas harmonias, não tem vocais guturais, apenas uma moça cantando na praia. É um detalhe de produção bem legal! E só prova como é uma cantora excelente, e não precisava mesmo de nada mais ali.
Fernando: Fantástico! Bem, o Ensiferum veio já algumas vezes para o Brasil, mas agora vocês acabaram de ser confirmados no festival Bangers Open Air, nosso maior festival de Metal. Eu estive nas últimas duas edições e foi fantástico! Tenho certeza que você vai adorar. Bem, como você vê a diferença de tocar em festivais enormes, com outras bandas enormes e tocar em lugares fechados, com público mais próximo?
Sami: Eu adoro ambos! É algo realmente surreal tocar em festivais enormes assim, com dezenas de milhares de pessoas cantando junto, entrando no mosh e se divertindo. É uma sensação incrível! Mas, pessoalmente, se eu precisasse escolher apenas um para fazer o resto da minha vida, eu escolheria os shows em lugares menores do que aquele mundo de gente que você só vê cabeças. Quero dizer, eu não diria que são mais ‘reais’, porque sim, os festivais são ‘reais’, é muito incrível, mas é mais, vamos dizer, “palpável” (shows menores). A atmosfera, o humor de todos, é algo mais intenso. É bem legal. E, bom, eu sinto muito que dessa vez não possamos fazer uma turnê inteira propriamente por aí, mas temos planos para isso para os próximos dois anos. Nós queremos ir na verdade a todo lugar, porque perdemos uns quatro anos de turnês com o álbum anterior, e estamos realmente famintos por shows, temos muitas mensagens de fãs ao redor do mundo e de muita gente aí da América do Sul, claro. Vocês são extremamente passionais com a música. Eu mal posso esperar para estar por aí.
Fernando: Muito bom! Então nos vemos por aí na estrada!
Sami: Sem dúvidas! Se você estiver por aí no festival, vamos tomar umas cervejas pelos backstages! (risos)
Fernando: Com certeza! (risos). Bem, essa é uma pergunta talvez estranha, mas, bom, a primeira vez que você esteve aqui no Brasil anos atrás, você achou curioso o fato de um lugar com uma cultura tão diferente, um clima tão diferente, um estilo de vida tão diferente, uma história muito diferente, gostarem tanto do seu trabalho, já que o Ensiferum tem um som tão próprio da cultura europeia, do norte europeu, muito sobre o frio, sobre o inverno? Bom, nós não temos exatamente o que vocês chamariam de inverno (risos). Se é que me entende.
Sami: Claro, sei bem o que quer dizer. E é uma ótima questão, de verdade! Mas acho que no caso do Ensiferum, é um tipo de som e temática bem palatável e variada. É algo bem fantasioso, bem heroico! E em todas as culturas, sociedades, temos mitologias, aqueles arquétipos de heróis e anti-heróis e eu acho que isso é bem fácil de se relacionar, está bem dentro da humanidade essa coisa de contar histórias. Não é como se cantássemos especificamente e unicamente sobre a mitologia finlandesa. Claro, isso nos influenciou muito no como fazemos música e escrevemos as letras, mas o Ensiferum sempre foi sobre coisas heróicas no geral. Temos até a música Stone Cold Metal (álbum From Afar, 2009), que é sobre o velho oeste, pistoleiros, e a Heathen Horde, sobre os Vikings, as Sagas. Então eu acho que acabamos sendo bem palatáveis para a maioria ao redor do mundo. E assim, eu gosto de muita coisa ao redor do mundo! Arte, cultura… quero dizer, é ótimo saber suas raízes, e eu aprecio isso! Mas essa é a beleza dos tempos modernos… digo, eu e você, nós estamos a praticamente um planeta de distância, e aqui estamos, falando um com o outro sobre arte, cultura, música, e a vida no geral! Quer dizer, hoje em dia o mundo é muito menor, as pessoas podem viajar muito mais.
Fernando: Não estamos mais a um mundo todo de distância, na prática.
Sami: Não, de jeito nenhum! Essa é a beleza da coisa e é por isso que é muito bom que a cultura local continue. Essa é a beleza de viajar. Tipo, se eu vou aí pro Brasil, eu não quero ir a um restaurante finlandês! Se alguém daí me levar a um restaurante que serve comida finlandesa eu vou ficar “pra quê?”. Quando vou aí, eu quero comer a comida local, conhecer as pessoas locais, olhar paisagens locais, perguntar sobre a sua história, sua cultura. Esse é o mundo onde quero viver, e esse é o grande privilégio de ser um músico em turnê. Porque você consegue visitar lugares que normalmente eu não poderia pagar (para ir). Claro, grande parte das viagens que faço se resumem a hotéis, aeroportos e estradas. Eu estava até falando isso com um cara… eu estive umas dez vezes já em Nova York e não consegui visitar a Estátua da Liberdade! Nunca tive tempo. Acho que estive duas vezes na Times Square, mas é isso. As viagens de show são tipo realmente trabalho. Especialmente para mim, pois eu que faço a maioria das entrevistas. Mas, bom, as coisas são assim. Mas de qualquer forma, sempre que posso dou um passeio, especialmente aí na América do Sul, onde vocês têm uma das melhores culinárias do mundo!
Fernando: Maravilha! Bom, essa é uma questão mais relacionada a ‘business’. Vocês estão trabalhando agora já há alguns anos com a Metal Blade Records, uma gravadora americana, mas antes vocês estavam com uma gravadora européia. Como você vê a diferença entre trabalhar com uma gravadora local e uma americana, em termos de contato, negociações, e esse tipo de coisa?
Sami: Nós tivemos muita sorte, na verdade. Nossa antiga gravadora, a Spinefarm, é finlandesa, e o escritório deles era bem no centro de Helsinki. Era quase como uma segunda casa para nós. A gente só entrava lá e tinha uma “reunião”, daí íamos para o bar do lado com o pessoal da gravadora! Era algo absolutamente diferente do que o pessoal acha que o Music Business é, com aqueles engravatados mostrando números e mais números. Não, a gente ia lá e chegava assim “ei, temos essa ideia nova para um álbum!”, e aí os diretores respondiam “legal, vamos ali no bar falar sobre isso.”. (risos de ambos os lados). Sabe, era muito fácil! Era legal poder encontrar o pessoal da gravadora no bar em vez de só mandar e-mails e coisas assim. Mas a coisa era diferente lá atrás, lá no começo dos anos 2000, o mundo dos negócios na música era diferente. Álbuns vendiam bastante, não havia streaming, então de fato, o papel da gravadora era bem diferente na época. Mas enfim, eu só tenho coisas boas a dizer da Spinefarm, mas agora eles são parte da Universal Music. Digo, não tem nenhum ressentimento entre as partes, de verdade! Mas houveram algumas mudanças lá dentro quando viraram parte da Universal. O nosso contrato acabou, e daí fomos negociar com algumas gravadoras. Nós nos perguntamos onde estávamos e onde gostaríamos de estar. E nós ouvimos muitas coisas boas sobre a Metal Blade, sobre o management deles. Eles já tinham sido os managers do Amon Amarth, então eles tinham o conhecimento do estilo, e achamos que eles realmente poderiam nos ajudar. Ouvimos que eles são bem famintos (por música), eles realmente tentam elevar as bandas de seu casting. Então fizemos uma turnê, conhecemos os caras (da gravadora), foi tudo muito bom, e estão aí conosco. Tudo tem corrido muito bem. E eles têm escritório também na Alemanha, então fica tudo mais fácil de contatar, por ser o mesmo fuso horário. Claro, acabamos falando também com o escritório nos Estados Unidos, então geralmente só temos que nos adaptar a dois fuso horários. Bom, na verdade eles também têm escritório no Japão, mas como nunca ficamos realmente grandes lá, temos pouco contato. Bom, não ainda pelo menos (risos). Mas, de qualquer forma, eu só tenho coisas boas para falar deles, tanto da Spinefarm quanto da Metal Blade. Mas isso realmente é bem importante, porque estamos em uma posição agora onde somos uma banda estabelecida nesse ponto. Temos tantas histórias por aí de bandas, bandas mais antigas e tudo, que tiveram péssimas experiências com gravadoras, especialmente lá para os anos noventa. Bandas que fizeram contratos de dezenas de milhares de dólares e nunca receberam um tostão. Mas é aquela coisa, quando você é jovem…
Fernando: Você só quer saber de tocar!
Sami: Isso, isso mesmo! Você quer tocar, aí aceitam aquela coisa de “ah, eu te dou um por cento do quanto esse álbum render”, e às vezes nem isso recebiam. Tem muitas histórias horríveis sobre isso por aí de bandas que foram ferradas por gravadoras. Não sei também se é mais fácil para as bandas hoje em dia, mas pelo menos a informação está aí disponível. Mas eu mesmo só tenho coisas boas para falar sobre. Inclusive na minha banda de Power Metal, a Metal De Facto, nós estamos numa gravadora pequena chamada Rockshots, e também só coisas boas para falar deles. Acho que também tem uma questão de sorte.
Fernando: Eu tenho visto hoje em dia esse contato da banda com a gravadora muito mais próximo, muito mais informal do como é com os caras maiores como, vamos dizer, o Metallica.
Sami: Sim, acho que também tem bastante a ver com o quão grande você é. Quando os números vão muito alto, isso também muda tudo. Talvez daí os grandões comecem a ficar realmente interessados na coisa. Mas nós estamos numa situação muito boa! Somos todos bem informais uns com os outros, e temos os mesmos objetivos. Claro, deve ser muito bom ser uma banda que lota estádios, mas a parte boa de tocar em uma banda um pouco menor é que a gravadora não intervém. Quando começamos a fazer um álbum novo, eles não nos dão um prazo, não dizem “ok, vocês precisam fazer até tal data, precisa ter um single de três minutos e trinta segundos de duração, tem que ser sobre esse tópico.”, não é estressante desse jeito. Tem confiança de que vamos entregar um álbum e que será sólido! É uma situação muito boa quando você confia nas pessoas, e as pessoas confiam em você.
Fernando: Bom, só uma última pergunta para finalizarmos. Você e o Petri entraram na banda em 2004. Como você acha que a dinâmica, a relação de vocês todos da banda, no dia-a-dia, mudou de lá para cá?
Sami: Eu acho que foi tudo de uma forma bem natural! Quer dizer, sempre muda ao longo do tempo, porque todos nós mudamos, todos nós crescemos. Tem uma expressão que gosto bastante, que é “Se um homem permanece o mesmo dos seus vinte anos aos seus quarenta anos, então ele desperdiçou vinte anos de sua vida”, então acho que é bem natural que todos crescemos. E a vida de ninguém é sempre a mesma. Isso seria estranho, claro. Mas, claro, esses vinte anos na verdade nos fizeram ficar mais unidos, já que passamos mais tempo com nossos colegas de banda e os membros da turnês que com sua própria família, então eles também precisam ser sua família, de alguma forma. No caso do processo de composição do Winter Storm, bom, eu diria que nós realmente conversamos muito mais. Eu sei que os finlandeses não são conhecidos por serem muito falantes, mas nesse processo todo agora acho que conversamos muito mais, e isso é ótimo! Claro, quando nós dois entramos na banda, nós estávamos com vinte e poucos anos, e a vida era mais tranquila, tínhamos menos preocupações, só queríamos tocar lá duas horas e ir pro bar. Eu ainda estava na faculdade, estudando Saúde Pública (Social Healthcare), era tudo mais tranquilo e agora todos nós temos bem mais responsabilidades na vida. Mas é assim… a vida mudou, o mundo mudou muito também. Mas eu não quero soar como um velho aqui, desculpe (risos).
Fernando: Eu também não sou lá mais tão novo, então eu entendo! (risos)
Sami: (risos) Mas, de qualquer forma, já são vinte anos aí, e isso é uma vida! Como dizem, quanto mais velho você fica, mais rápido o tempo passa. E as redes sociais também não ajudam (risos). Você entra lá e te mostram “ei, olha essa lembrança de dez anos atrás” (risos)
Fernando: (risos) Eu entendo muito bem! Bom, então é isso! Sami, muito obrigado pelo seu tempo e sua atenção!
Sami: Novamente, eu que agradeço! E espero que possamos nos encontrar no Bangers Open Air!