Entrevistas

[Entrevista] Saxon: “Parte da razão, eu acho, é porque a gente curte fazer. A gente gosta de trabalhar um com os outros, sair em turnês. Sabe? Fazer música, criar música”, diz Nigel Glocker

Em entrevista para o Tramamos, o baterista do Saxon, Nigel Glocker, conta como ele se sente ainda fazendo turnês depois de tantas décadas, o novo álbum Hell, Fire and Damnation e a expectativa de tocar no Bangers Open Air

O Saxon é uma das bandas clássicas do heavy metal inglês tendo quase 40 anos de estrada, mas isso não diminui a animação e paixão de seus músicos pelas turnês e por lançar álbuns.

Para falar sobre a carreira da banda e as expectativas de tocarem no Brasil, nossa jornalista Tamira Ferreira conversou com o baterista Nigel Glocker e você confere abaixo:

Nigel: Olá, Tamira, como você está?

Tamira: Estou bem, um pouco doente porque está chovendo e frio aqui no Brasil, mas estou bem. E você?

Nigel: Estou bem! Hoje estamos com um clima bom, eu vivo em Dallas, no Texas, e o dia hoje está muito bom e ensolarado.

A minha primeira pergunta é como vocês conseguem manter a energia para tocar, compor e produzir música, mesmo depois de tantas décadas?

Parte da razão, eu acho, é porque a gente curte fazer. A gente gosta de trabalhar um com os outros, sair em turnês. Sabe? Fazer música, criar música.

Eu acho que essa é a principal razão.

É como qualquer trabalho, se você não gostar, não faça.

Mas eu acho que ser um músico é o melhor trabalho do mundo. É um trabalho pesado, mas você pode se divertir.

Sim, você pode se divertir, mas não é tão glamuroso. É como você disse: “É um trabalho pesado”.

Estar em cima do palco é a parte divertida, mas tem as viagens.

Na nossa última turnê, não, foi a anterior, a gente estava fazendo turnê por toda a América do Sul, e estávamos saindo dos shows, indo para o hotel às três horas da madrugada para duas ou quatro horas depois estar em um avião para o próximo país. E tínhamos shows naquela noite.

A gente quase não tinha dias de descanso, todos aqueles voos. Então falamos para o maldito do produtor que agendou as datas: “Se na próxima vez você agendar a turnê dessa forma, você virá com a gente”. (risos)

Na próxima turnê tinham dias de descanso. (risos)

Vocês lançaram esse ano o álbum Hell, Fire and Damnation, como foi o processo de criação desse álbum?

É sempre a mesma coisa, as pessoas têm ideias e nos mandam as demos, a gente ouve. O que acontece é que a melodia surge primeiro, alguma coisa que acende em seu (Biff Byford) cérebro e ele gosta de algum riff, tem uma ideia de escrever uma canção sobre certo tema que casa com aquele riff.

A gente gosta muito de escrever sobre história, como você já deve saber (risos). A gente cria as demos e depois vamos gravar.

Eu costumo gravar as baterias porque eu sempre toco com um metrônomo e essa é a minha escolha.

Para mim, o mais importante é qualquer música, seja rápida ou lenta, é o ritmo.

O melhor exemplo que posso usar é o AC/DC.

Sim, é a personalidade da música.

Eu sinto que é o certo, para mim eles são os reis do ritmo.

Você tem um riff de guitarra, no momento que surge a bateria, é quando o seu pé começa a bater no chão.

Eu acho isso ótimo porque acaba sendo muito bom para os shows vocês terem esse pensamento dentro do estúdio do que será bom ao vivo.

Sim, você precisa ter o ritmo.

Eu tenho uma regra quando tocamos ao vivo, a não ser que seja uma canção rápida, em uma música mais rápida, eu não me preocupo com o tempo. Mas quando é no meio tempo, isso acontece com todos os músicos, não somos máquinas ou metrônomos, então alguns músicos precisam acelerar. Para mim, se soa mais lento, é o certo, por causa da adrenalina.

Vocês irão tocar no Brasil no Bangers Open Air, como está a expectativa de tocar em um festival no Brasil?

Estou muito animado, eu nunca toquei em um festival no Brasil, vai ser ótimo.

A gente sempre tenta deixar os festivais como uma festa, então a gente toca canções de toda a nossa carreira. É claro que vamos tocar músicas novas, mas também vamos tocar os clássicos.

Além do festival, vocês tocarão em outras cidades do Brasil: Belo Horizonte e Porto Alegre. Como vocês sentem a diferença de energia ao tocar em um festival e em shows solos?

O nível de energia, para nós, é o mesmo. Mas em um festival, tem uma vibe de olhar e ver todas aquelas pessoas que estão se divertindo. É ótimo! Te dá muita energia.

Você acaba ficando nervoso ao tocar em festivais com tantas bandas diferentes? Porque algumas pessoas podem não ser tão fãs, ou você acredita que todo mundo irá acabar se divertindo com o show?

Eu espero que todo mundo se divirta. Quero dizer, eu sempre estou nervoso antes de um show, sempre.

Demoro mais ou menos uma hora para me preparar. Eu fico andando e tentando me concentrar, pensando que eu preciso relaxar. Mas eu sempre fico nervoso.

Uma história engraçada, quando eu morava na Inglaterra e ficava muito nervoso, eu costumava ir a um pub e ficar tocando. Eu ficava mais nervoso com isso porque as pessoas estão na sua cara.

É muito legal depois de tanto tempo você ainda ficar nervoso.

Ah, com certeza! Porque você quer fazer o seu melhor.

Vocês falam bastante sobre momentos históricos em suas músicas e estamos vendo a história se repetir, de forma negativa, em vários lugares do mundo. Você acha que hoje em dia falta para as pessoas terem mais noção do que aconteceu no passado para que não se repita no presente?

Com certeza! Mas eu não gosto de falar sobre política, porque eu acho que música e política não se misturam, para mim, não me interessa.

Porém, há lições na história, mas o que aconteceu no passado, não há nada que a gente possa fazer para mudar isso. É um conhecimento do que aconteceu.

Apenas precisamos ter certeza de que não irá acontecer de novo.

“A gente não pode ter a estátua dele porque ele fez algo”, então eles derrubam. Não, deveria ficar ali para as pessoas saberem o que aconteceu.

Você não está idolatrando essa pessoa, mas ela é parte da cultura do seu país.

Nigel, por favor, mande um recado para os fãs brasileiros.

Estamos muito animados com os shows no Brasil, mal posso esperar, não falta muito.

É como eu sempre digo em entrevistas, a gente valoriza muito que vocês são fãs. É por causa de vocês que estamos aqui. Sem vocês, não estaríamos em lugar nenhum.

Então, obrigado!

Saxon tem muitas décadas, então vocês têm fãs mais novos e mais velhos. Como você se sente tendo fãs com idades tão diferentes?

É ótimo porque você tem os fãs antigos, mas quando saímos em turnês, vemos os fãs mais novos, até mesmo crianças na grade.

Isso é incrível de ver porque você está constantemente reciclando e conseguindo novos fãs.

O mais louco de tudo é que todos eles cantam juntos as músicas, até mesmo os mais novos. Os garotos sabem as músicas melhor que a gente (risos).

Eles têm uma memória melhor.

Realmente! Eu acho que é porque temos tantas canções, mas eles são ótimos, eles cantam as músicas novas, as músicas mais antigas.

Algumas músicas antigas foram criadas quando eles nem eram nascidos e eles sabem todas as palavras. Isso te dá uma sensação tão calorosa, é incrível.

 

Foto: Thammy Satori

Foto de capa: Divulgação

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