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[Entrevista] The White Buffalo: “Eu queria fugir de todos os gêneros, todas as ideias do que eu deveria ser e adicionar coisas novas”, conta artista sobre novo álbum

Em entrevista para o Tramamos, o vocalista e criador do The White Buffalo, Jake Smith, falou sobre ter suas músicas em séries de TV, o mais recente álbum e as expectativas de tocar no Brasil

The White Buffalo é nome do projeto criado pelo cantor, compositor e músico Jake Smith. Nele o artista traz diferentes estilos que são clássicos da música americana como o country, blues, rock n’ roll e folk.

Sua marca registrada, além das letras impactantes, é sua poderosa voz que traz toda beleza e emoção para suas canções.

Mesmo com mais de 20 anos carreira, será a primeira vez da banda no Brasil que tocará em dezembro em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba. Todas a informações aqui.

Para falar sobre suas composições, o início do sucesso e os shows no Brasil, nossa jornalista Tamira Ferreira entrevistou Jake Smith e você confere abaixo:

Jake: Olá, como você está?

Tamira: Estou bem e você?

Jake: Estou bem!

Tamira: Eu gosto do nome Hot Dogger.

Jake: Hot Dogger, como assim? Eu amo o nome Hot Dogger, mas de onde vem, é apenas um pensamento aleatório?

Tamira: Eu não sei, é o seu nome no Zoom.

(Jake solta uma gargalhada)

Jake: Eu devo ter colocado esse nome em algum momento, mas esqueci que estava ali. Isso é muito engraçado. Meu nome é Hot Dogger?

Tamira: Sim! (risos)

Jake: Perfeito! Só me chame de Hot Dogger nessa entrevista. (risos)

Tamira: Pode deixar, eu coloco na entrevista.

Sua carreira começou de uma forma bem inusitada, tendo uma música como trilha sonora de um filme. Me conta um pouco dessa história?

Jake: Eu não sei exatamente! A música acabou entrando em um filme sobre surf, o que não era uma grande coisa, chamado Shelter.

Foi legal! Meu amigo estava na indústria do surf e ele conhecia muitas pessoas. Eu dava fitas para ele, não com a ideia de que ele iria dar para outras pessoas ou tentando me promover. Eu apenas dava a ele, gravava essas fitas no gravador do meu irmão e dava para os meus amigos e membros da família no Natal ou em seus aniversários. Ou se eu tinha 10 canções, eu pensava que precisava fazer algo com aquilo. Mas não tinha nenhuma intenção.

As pessoas ouviam as músicas e queriam saber de quem era, aí eles começavam a fazer cópias dessas fitas e espalhar de uma forma super orgânica. Eu não sei quantas pessoas eram, mas foi o suficiente para chegar nesse cara, Chris Malloy, que estava fazendo um filme sobre surf.

Ele me ligou do nada, 22 anos atrás, mais ou menos, e pediu se ele poderia usar a canção. Eu fiquei com a mesma pergunta que você deve estar: “Como você ouviu sobre mim?”

Ele era alguém que eu conhecia, porque eu cresci surfando, então era algo que eu respeitava: os irmãos Malloy e Chris Malloy. Era a mesma produção que fez outros filmes que eram legais, não era sobre surf acrobático, era mais sobre a alma do surf.

Foi mais ou menos como começou, mas eu tive uma estranha jornada.

Isso é muito legal! Você foi viral antes da internet (risos).

Jake: Quer dizer, respeito, eu fui de uma forma manual, o que eram 25 pessoas (risos).

Mas conta.

Jake: Mas foi uma loucura! Isso foi a minha motivação para realmente tentar fazer isso, porque quando eu fui tocar no lançamento do filme, eles me pediram para ir e tocar por 30 minutos, ou algo assim.

O filme não tinha saído ainda, mas as pessoas estavam cantando algumas das minhas músicas de volta para mim. E eu fiquei: “O que está acontecendo?”

Aquela foi a epifania que eu tive de ver que São Francisco (cidade) não estava funcionando para mim. Eu não fazia nada ali, estava tocando no canto de um café ou algum bar, uma vez ao ano.

Essa foi uma longa resposta.

Não, foi ótimo! Foi o empurrão certo para você começar tudo.

Jake: Ok! Hot Dogger (risos).

Depois você teve músicas em diferentes séries. Como é para você ter seu trabalho em produções assim? Com você se sente?

Jake: Eu não sinto nada! Eu sei que é bom para a minha carreira, na verdade tem sido a única forma, porque não somos uma banda de tocar no rádio, não somos uma banda que você compara com outras. Nós até faz turnês, mas não é tão intenso. A gente não cabe em gêneros. Então pensamos no que podemos nos conectar.

Eu não ligo (risos), mas eu sei que ajudou a minha carreira e ajudou a me promover de alguma forma que chega nos ouvidos e nas mentes das pessoas de uma forma que elas podem se aprofundar na canção.

Com Sons Of Anarchy, eu tive muita sorte, porque eu tive muitas canções na série que as pessoas passaram a perceber que era a mesma voz, a mesma pessoa e foram procurar mais sobre. O que não acontece sempre.

Mas é ótimo! As pessoas pensam que você ganha muito dinheiro com isso, mas na verdade não. É basicamente sobre se promover.

Eu pensei em perguntar se você ganhava muito dinheiro com isso, mas estava com medo do Nirupam não deixar. (O empresário dele estava ouvindo a entrevista)

Jake: Ele iria sair e gritar: “Eu peguei vocês, Hot Dogger e Tamira, eu sabia que vocês não iam ter cuidado”. (risos)

Estou brincando (risos).

Jake: Eu também! (risos)

Você já disse que não sabe muito bem qual o estilo que segue, que acaba sendo uma mistura de muitas coisas. Mas na hora de compor, você chega a pensar antes em um estilo, é influenciado por algo ou só identifica o estilo conforme vai compondo?

Jake: É uma dinâmica de sorte que eu não sei de onde vem. É algo que sai do silêncio e espaço sem que eu pense a respeito. Eu não penso em um gênero.

Eu acho que, parcialmente, sobre o gênero, se eu fosse mais competente tocando violão e compondo com um instrumento, eu acho que o gênero ficaria ainda mais expandido.

Agora eu estou meio preso, não necessariamente assim, nessas formas primitivas que é baseada em fazer música de uma forma simples. Mas muitas músicas são simples também.

Eu não sei se respondi sua pergunta, mas sim, eu nunca penso sobre o gênero. Se vou fazer uma música country, folk, rock ou blues. É qualquer coisa que vem e eu vejo o que fazer.

Isso é muito legal porque eu não sou musicista, então quando ouço uma música, eu tento entender o que está acontecendo. E acho que há uma conexão muito forte da música com a sua voz. Ela muda toda vez que você muda o estilo. Especialmente nesse último álbum, cada música tem um estilo diferente. Então eu criei uma teoria na minha cabeça e sua resposta foi: “Eu não sei” (risos).

Jake: Você criou uma teoria? (risos) O último álbum foi, a paleta de estilos dele foi ditado pelo produtor, Jay Joyce.

Eu cheguei com um esqueleto e ideias de canções, eu não tinha uma canção completa. Os membros da banda também adicionaram muita coisa nas músicas. Mas Jay teve muito a ver com os arranjos e transformar tudo nesse nível sônico que foi o que eu pedi para ele fazer.

Eu queria fugir de todos os gêneros, todas as ideias do que eu deveria ser e adicionar coisas novas. E, ao mesmo tempo, tentar contar uma narrativa sendo emocional, simples e impactar as pessoas.

As suas letras são bem impactantes, como você se inspira na hora de compor as letras para suas músicas?

Jake: Inspiração é algo impossível de falar a respeito porque eu não me sinto inspirado diretamente por algo. Talvez uma ou duas das minhas canções vieram… Eu não percebi sobre o que era até estar muito perto de terminar ou até depois do álbum ser lançado.

Eu penso nesses mundos fantásticos que eu crio e não tem nada a ver comigo.

Nesse último álbum, é 100% sobre mim em diferentes fases da minha vida e do ano. Não necessariamente a ideia do relacionamento e os plots que eu crio para ficar mais interessante ou divertido. Mas são relacionamentos que eu já estive.

São inspirados na vida e alguns são uma biografia, ou algo assim, mas eu não percebo até mais tarde.

Não acontece, por exemplo, eu ver uma notícia e escrever uma música sobre.

Na maioria das vezes eu não sei o que é, mas eu sei que significam algo e muitas vezes sou inspirado pela perspectiva de uma ideia: “Isso é algo tão legal de dizer, uma boa ideia. O que significa?” Então eu começo a criar o mapa e ver para onde eu posso ir, depois eu junto tudo fazendo algo que tenha sentido ou seja emotivo.

Há algumas semanas eu entrevistei o Shawn James e ele me disse algo parecido, que muitas vezes ele percebia o significado das canções depois que elas estavam prontas e acabava sendo algo terapêutico para ele.

Jake: Eu acho que deve acontecer com muitas pessoas quando não percebem, porque é algo do subconsciente, pelo menos não é algo completamente consciente o que você está fazendo. Você está fazendo arte, então você está meio que pensando, mas é como unir pontos. Mas eu acho que ainda há muito coração nisso e muita honestidade nisso, porque você está procurando uma expressão artística com verdade.

É claro que eu escrevo músicas sobre temas mais sombrios que não tem nada a ver comigo, como a guerra ou algo que não está acontecendo diretamente comigo e eu não sei como é, mas eu imagino.

Você está para lançar um álbum ao vivo, como veio essa ideia?

Jake: Nos álbuns em estúdio é muito difícil capturar a emoção, a essência e o poder da paixão visceral que você tem quando toca ao vivo. Acaba sendo mais conservador, há mais sinos e assovios, mas quando você toca ao vivo, são três caras dando tudo de si e nunca chegamos perto de capturar isso no estúdio.

Não estou desapontado com os meus álbuns, mas é algo diferente.

A gente tocou no Belly-Up que é como uma segunda casa para gente. Eu toquei lá, provavelmente, 20 ou 30 vezes durante a minha carreira. Os outros caras da banda que vivem em São Diego tocaram mais vezes lá. É um lugar confortável que temos muita história. Fizemos lives lá durante a pandemia.

Estou animado! Tem menos instrumentos, menos besteiras, nada que interfira além do que acontece no palco e com o público. Algo que você não pode fazer quando aperta o botão vermelho de gravar e você quer ser perfeito e preciso.

Música não é perfeita, especialmente quando você toca ao vivo.

A gente vai lançar o vinil, colocar nos streamings, vamos fazer a versão deluxe e colocar um monte de singles. Nós gravamos mais de 30 músicas e vamos tentar colocar o máximo delas, vamos ver.

Vai ser sua primeira vez tocando no Brasil, como estão as expectativas para esse show?

Jake: Eu sei, acredita nisso? Está sendo muito legal.

Inicialmente seria em lugares menores, eu estava disposto a perder dinheiro, mas queríamos testar e ver o que acontece. Então começou a crescer e fomos para um lugar maior e outro ainda maior. Agora vamos tocar em casa de shows bem legais e muitas pessoas vão.

Eu não poderia estar mais animado! Eu ouvi que é o melhor quando se fala sobre os fãs e a energia.

Eu não digo porque sou brasileira, mas é uma excelente experiência, você vai amar.

Jake: Sim, incrível!

Obrigada pela entrevista e espero que a gente se veja em dezembro, vou tentar ir ao show e fotografar vocês.

Jake: Por favor vá, vamos adorar. Ok! Hot Dogger para sempre! (risos)

 

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