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[RESENHA] FADE TO SILENCE | Um jogo de sobrevivência cativante, mas sem alma

FADE TO SILENCE SERIA UM JOGO PERFEITO, NÃO FOSSE PELO COMBATE REPETITIVO E A POUCA ATENÇÃO COM A QUALIDADE DA HISTÓRIA

 

 

Lançado em 30 de abril, Fade to Silence é um jogo de sobrevivência em mundo aberto que faz com que os jogadores vivam cada segundo da luta que atormenta o personagem principal.

Existe um senso real de urgência envolvido ao guiar Ash através de tempestades angustiantes, tentando encontrar abrigo enquanto o medidor de calor diminui a cada passo. É nesses momentos que a mais nova cria da Black Forest Games brilha como um conto cativante de sobrevivência contra todas as probabilidades. É um pouco decepcionante que esses momentos sejam ofuscados pela repetitividade, bugs e falta de foco geral.

 

Crédito da imagem: Andrii Shafetov/Artstation

AMBIENTAÇÃO

A história se passa em um mundo pós-apocalíptico e congelado, digno dos piores pesadelos e o personagem em foco é Ash, o líder de uma comunidade que precisa reconstruir seus assentamentos repetidas vezes, enquanto luta contra os elementos e monstros que chamam de “Eldritch”. A produção é visualmente poderosa, com um apelo assustador, quase “Lovecraftiano”, especialmente nos momentos iniciais do jogo, cheios de uma incerteza aterrorizante.

No entanto, Fade to Silence nunca chega a aproveitar isso totalmente, apresentando a maioria dos aspectos narrativos de forma confusa e [muito, mas muito] superficial. É verdade que jogos de sobrevivência não costumam necessariamente se concentrar na narrativa ou enredo, mas uma premissa tão intrigante teria sido uma oportunidade de elevar o gênero a um novo patamar e criar algo nunca visto até o momento [primeira bola fora da desenvolvedora].

 


COMBATE E JOGABILIDADE

Fade to Silence traz uma mecânica de combate em terceira pessoa notavelmente inspirada na utilizada pela série Dark Souls, mas falta alma. O personagem conta com ataques pesados ​​e leves e uma função de bloqueio. Todos eles drenam o vigor do personagem, mas isso nunca chega a causar o mesmo impacto sobre a jogabilidade que percebemos em qualquer título de Dark Souls.

 

 

A verdade é que o combate é desajeitado… e de todas as formas erradas. A função de esquiva até existe, mas nunca funciona, já que os “Eldritch” funcionam segundo uma mecânica em que normalmente acertam o personagem, independentemente de onde você esteja em relação ao ataque.

Como resultado, o jogador é forçado a utilizar a capacidade de defesa do jogo, que é muito fácil de abusar, criando um padrão de “bloqueio > atordoamento > ataque de todo jeito que der” que se repete à exaustão. Mesmo que esse método não funcione contra todas as criaturas [só quase todas], já é suficiente para que nada relacionado ao combate seja considerado orgânico.

 

 

Mesmo com todos esses problemas, os momentos de sobrevivência tortuosa na natureza selvagem quase permitem esquecer essas falhas. Não há nada como estar no meio da coleta de lenha para a sua fogueira enquanto seu personagem está morrendo de fome, apenas para uma grande nevasca aparecer do nada e piorar ainda mais a situação. Vem então a corrida de volta ao acampamento com o gelo se acumulando e o medidor de calor encolhendo numa velocidade suficiente para causar a mais doce sensação de pânico que qualquer game de sobrevivência pode induzir. É nesses momentos que Fade to Silence mostra todo o seu brilho.

 

 

Outros medidores, como fome e cansaço, acrescentam algum desafio, mas jamais serão tão terríveis quanto o medidor de calor, o que pode efetivamente frustrar todo um jogo. É claro que estar perto de uma fogueira ou carregar uma tocha pode ajudar a impedir o congelamento, mas ambos não duram para sempre. É importante planejar com antecedência e estar preparado para qualquer tipo de viagem de reconhecimento ou coleta de recursos porque, se você não tiver tochas suficientes ou suprimentos de cura, a morte é quase uma certeza [especialmente no modo de sobrevivência padrão, que limita suas mortes a seis antes que o jogo seja completamente terminado, embora existam maneiras de contornar isso].

 


NAVEGAÇÃO E MECÂNICAS DE JOGO

O mapa é um pouco desarticulado e navegá-lo pode ser um pouco confuso às vezes, mas a interface é intuitiva o suficiente para que você sempre encontre seu caminho. Os materiais necessários para construir e produzir itens são bem organizados e nunca ficam escassos o suficiente para parecer que a morte é garantida, mas também nunca se acumulam o bastante para que você possa se garantir antes que uma nevasca apareça e seu personagem seja forçado a fugir. É um equilíbrio delicado, mas o título realmente o executa muito bem.

A criação de itens, em si, é um tanto limitadora, considerando que este é um game de sobrevivência, mas esse aspecto é meio que compensado por um sistema bastante descomplicado.

Em sua grande maioria, as mecânicas de sobrevivência são um sucesso e, combinadas com o brutalmente punitivo sistema de nevascas, criam momentos incríveis de suspense.

 


CONCLUSÃO

Se o jogo tivesse eliminado a ameaça dos monstros e a mecânica de combate maçante e se concentrado exclusivamente em reforçar os elementos de sobrevivência, seria talvez um dos melhores títulos de sobrevivência do ano.

Fade do Silence ainda é uma experiência que vale a pena, com uma premissa interessante [ainda que pouco aproveitada] e momentos de tensão espalhados por toda parte, mas deixa a desejar em tantas áreas que dificilmente poderia ser mencionado como algo tão grandioso quanto poderia ter sido.

 

Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

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