GHOST retorna ao Brasil com seu Ritual e lota o Espaço Unimed com fãs totalmente devotos
A banda GHOST retorna ao Brasil após 6 longos anos e faz sua segunda apresentação em São Paulo com a Re-Imperatour no dia 21 de setembro no Espaço Unimed.
Resenha por: Thammy Sartori
Foto divulgação: Rafael Strabelli
Vestidos a caráter, os Ghesties (como são chamados os fãs de Ghost) não medem esforços ao se arrumar para o grande Ritual. Para todos os lugares que você olha dentro do Espaço Unimed, há pessoas vestidas de Jesus, freiras, com pinturas faciais iguais às de um dos quatro Papas Emeritus — além dos fãs mais discretos, vestindo simplesmente a camiseta da banda. Parece haver um dress code oficial para participar da missa e prestigiar o Papa.
Diferente da apresentação do dia 20, onde o vocalista, Tobias Forge, informou durante o show que houve um atraso para seus equipamentos chegarem ao Brasil e, por conta da montagem do palco em cima da hora, a banda Crypta precisou ter seu show cancelado, as meninas conseguiram pisar no palco e fazer o melhor esquenta possível para o show principal.
Às 19h45, a Crypta sobe ao palco do Espaço Unimed, que já está bem cheio em todos os setores, e inicia sua performance. O show conta com nove músicas e faz o público cantar e pular em todas as faixas.
São 20h45 quando começam as músicas intros do GHOST, “Klara stjärnor” e “Miserere mei, Deus“, que duram por volta de 15 minutos juntas, desta forma fazendo a “Imperium” começar pontualmente às 21h00.
Apesar do calor que faz dentro da casa de shows, o público parece não se importar, vindo cada vez mais para a frente com o intuito de conseguir a melhor visão da banda.
Eis que o solo de “Kaisarion” inicia e os gritos de 8 mil pessoas juntas são ensurdecedores, enquanto o pano branco que cobre o palco cai, e a banda finalmente pode ser vista por todos presentes.
Os Nameless Ghouls, Phantom (guitarra), Rain (baixo) e Sodo (guitarra), em uma sincronia perfeita, assumem à frente do palco até o Papa Emeritus IV (Tobias Forge ou Cardinal Copia) entrar com seus vocais, vestindo seu blazer dourado, claramente começando com chave de ouro.
A apresentação é seguida por “Rats” e “From the Pinnacle to the Pit“, que foi a única música alterada do setlist em comparação ao dia anterior, onde a banda tocou a faixa “Faith” do álbum “Prequelle“.
Durante toda a missa, Forge não mede esforços para se comunicar com o público, seja por meio de brincadeiras no palco com os Ghouls, mandando beijos para o público, agachando diversas vezes para cantar olhando diretamente nos olhos de seus fãs devotos, que madrugaram na fila para o tão requisitado lugar no melhor local da casa de shows: a grade, ou até fazendo algumas piadas.
Com toda certeza, podemos afirmar que o Papa Emeritus IV é o mais “serelepe” e “extravagante” de todos os seus antecessores. Suas danças e passinhos próprios mostram bem a personalidade desta persona criada por Tobias Forge, que não para um minuto no mesmo lugar enquanto está vestindo seus blazers coloridos e brilhantes, dentre eles o dourado, azul e vermelho, e também sua capa de Morcego, que o vocalista faz questão de abrir e fechar os braços inúmeras vezes para os fãs contemplarem o outfit.
O assunto muda quando ele chega vestindo sua batina e Mitra de Papa Infernal, mostrando que aquele é o momento mais respeitoso de seu ritual, que vem seguindo com a balada “Call Me Little Sunshine” e a saudosa “Con Clavi Con Dio“, trazendo seu turíbulo, objeto litúrgico utilizado para incensar o altar durante as celebrações eucarísticas, abençoando os presentes.
Uma das músicas mais esperadas da noite é “Year Zero“. Com todas as luzes da casa apagadas, há um mistério um pouco antes da música iniciar, mas basta ouvir o primeiro “Belial” que os gritos a plenos pulmões enchem o Espaço Unimed, que já está fervendo devido ao extremo calor humano, juntando com a forte onda de calor que estamos passando durante toda esta semana e um sistema de ar condicionado que não supre uma apresentação sold out, a música casa bem com o sentimento de estar realmente no inferno adorando o Papa das Trevas.
Terminada a emocionante “He Is”, chega o momento do pai de todos os Papas voltar à vida na empolgante “Miasma“. Papa Nihil (interpretado pelo Ghoul Swiss) entra no palco dentro de um caixão e é reanimado por desfibriladores. Sem perder sua Mitra — como ocorreu na apresentação do dia anterior —, ele arrasa em um solo cheio de swing no saxofone enquanto Phantom (guitarrista da banda) parece “bugar” igual um boneco de The Sims e tenta “chifrar” um dos membros do Clero responsáveis por trazer o caixão de Nihil, mas acaba segurado pela cabeça em uma cena cômica que leva a multidão ao delírio.
Os Nameless Ghouls também têm esse papel durante os rituais, tanto que ultimamente os fãs andaram percebendo certas mudanças de atitudes e comportamento dos músicos no palco. O que pode significar inúmeras coisas, já que a era do Papa Emeritus IV está quase chegando ao fim.
Papa Nihil finaliza majestosamente sua breve participação, caindo em seu caixão e permanecerá lá até o próximo show da banda.
Tobias Forge volta ao palco perguntando ao público se eles estão bem e se estão se divertindo. Como resposta, ele tem um coro absurdamente alto de “Yeeeeah“. Forge continua: “Vocês gostaram da apresentação? Ele é meu Papa. Vocês sabiam que ele costumava cantar antes? Vocês querem cantar uma música que ele costumava cantar? Então vamos lá!“, e a música que recentemente foi tendência no TikTok e trouxe muitos mais fãs para banda começa, é ela “Mary on a Cross“.
O Ghost, para quem não conhece, parece ser uma banda de puro Heavy Metal que chega a dar medo devido aos trajes que Forge e sua trupe adotaram. Porém, a banda traz muitas nuances ‘pops‘ em suas músicas, o que também faz com que muitas pessoas torçam o nariz para o Ghost. Ou seja, a banda é 8 ou 80, ou as pessoas amam, ou odeiam. Só que ninguém está preparado para sair do streaming e ver a banda ao vivo, que é onde podemos sentir que suas músicas têm muito peso e claramente são mais perceptíveis ao vivo do que nos álbuns.
Outro ponto que é impossível não destacar é a teatralidade do Ghost no palco. Para qualquer integrante que você resolva olhar na hora do show, ele estará fazendo uma dancinha, ou brigando um com o outro, até saindo de seus lugares pré-estabelecidos para interagir com outro Ghoul, entregando um fanservice absurdo. Vale ressaltar que todas as interações fazem parte da performance, de como o frontman e líder da banda deseja que as coisas sejam. Ou seja, é realmente um espetáculo!
Talvez algo que não seja tão empolgante para os fãs seja o Tobias Forge respondendo com um curto, sincero e objetivo “Não” quando o público, pela segunda noite seguida, clama por “Twenties“, faixa na qual o vocalista já falou que foi inspirada por uma música de hip hop brasileira e fez parte de dois shows recentes do Ghost, mas prometeu que iriam ensaiar mais para inseri-la no setlist da próxima vez que viessem ao Brasil.
A apresentação conta com o encore de “Kiss the Go-Goat“, “Dance Macabre” e “Square Hammer“. Uma ótima escolha para finalizar a missa, com danças e pulos, e absolutamente ninguém consegue ficar parado quando as três tocam e uma chuva de papéis coloridos pairam sob suas cabeças.
Confira o setlist completo:
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