Graça Braga homenageia a arte negra de Geraldo Filme
Com legado marcado por forte presença do samba rural, a homenagem é resultado da confluência de importantes universos da cultura negra paulista.
Dama do samba de São Paulo e dona de uma voz grave, Maria da Graça Braga se encontra com a obra de Geraldo Filme, ambos herdeiros e representantes da mesma imensa nobreza ancestral. Por meio do Edital de Apoio à Cultura Negra da Secretaria Municipal de Cultura, Graça se apresenta nos meses de maio e junho.
A obra do cantor e compositor é resultado da confluência de importantes universos da cultura negra paulista: os batuques de Pirapora, as rodas de samba do Largo da Banana, na Barra Funda, e o Vai-Vai. Nesse show, Graça irá apresentar todas essas faces de Geraldo Filme, em sambas que retratam o universo rural como “A morte de Chico Preto”, ou a crônica social “Garoto pobre” e o hino “Vai no Bexiga pra ver”.
“Realizar esse projeto é a sensação de sonho que a muito tempo queria por em prática, para falar e trazer a história desse homem preto, periférico que tanto fez pela nossa cultura, compondo sambas de várias vertentes bem como: sambas de enredo, rurais, sambas caipira e tantas outras artes. É isso que eu quero mostrar e apresentar para um público mais jovem que não conhece sua trajetória”, conta Graça
Seu legado é marcado por forte presença do samba rural e também da cultura do samba urbano, cultivada nas mais tradicionais escolas de samba da capital no começo do século XX. Além disso, suas letras apresentam crônicas contundentes da vida do povo preto, já com grande consciência e valorização de suas origens, sua identidade e sua luta.
Com direção musical de Joan Barros, o show terá banda formada pelos músicos Rodrigo Carneiro, Marcelo Martins, Juninho Sant’Ana, Leandro Vieira e Fernando Jarrão, e as coristas Jéssica Américo e Kelly Silva.
O próximo show acontecerá dia 11/06, às 18h, no Centro Cultural Vila Itororó, na Rua Maestro Cardim, 60 – Bela Vista, São Paulo/SP
Sobre Graça Braga
(por Nilo Donadelli)
Graça Braga, cantora e compositora paulistana, é dessas grandes damas que pedem passagem com respeito e autoridade, marcando o chão de importantes terreiros do samba.
No início dos anos 2000, Graça participou ativamente de dois movimentos do samba de São Paulo de grande relevância, o Samba da Vela, em Santo Amaro, e o Berço do Samba de São Mateus. Do convívio com essa efervescente produção, formou-se o repertório do seu primeiro álbum, de 2007, composto por músicas inéditas de compositores provenientes desses redutos.
Entre 2004 e 2018, Graça administrou um bar na Praça Roosevelt, no centro de São Paulo, em que realizava uma roda de samba intitulada Você Vai Se Quiser, que foi ponto de encontro da nata do gênero por mais de uma década. Lá a cantora protagonizou tardes memoráveis, recebendo sambistas da patente de Almir Guineto, Luís Carlos da Vila, Wilson Moreira e Moacyr Luz.
Em 2009, lançou “Eu sou Brasil”, álbum premiado com o Troféu Catavento, da Rádio Cultura, nas categorias “melhor produção independente de samba” e “melhor música”, com Dona do Samba, apelido recebido na vivência com os bambas.
No ano de 2013, lançou o bem-recebido “Dia de Graça – O Samba de Candeia”, com participações de Leci Brandão e Marcos Sacramento.
Em “Sambadobrado”, de 2019, Graça Braga conta com as participações especiais de Mateus AIeIuia, Osvaldinho da Cuíca, Germano Mathias e Chico Aguiar.
No mais recente trabalho, lançado em 2020, “O samba de Martinho da Vila”, a cantora se dedica a interpretar a obra do compositor de Vila Isabel.
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