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Hypocrisy: suecos do death metal melódico entregam show iluminação exótica e tecnicamente impecável

ALIENS! ELES ESTÃO ENTRE NÓS! 

Resenha por Fernando Queiroz | Fotos por Gus Palma

No segundo dia da “semana caótica” de shows em São Paulo, os suecos do Hypocrisy retornam a terras brasileiras com sua temática sobre alienígenas, ufologia e um som pesado e melódico. O show, marcado de última hora, contou com uma boa presença de público do Fabrique, cenário curioso de palco e a performance de uma banda afiadíssima que compensou uma regulagem de som abaixo do esperado.

ANTES DO SHOW, POUCA FILA EM UMA TERÇA-FEIRA FRIA:

Não bastasse o dia da semana difícil para todos, o que já tem virado algo de praxe, a semana com shows – mais de um por dia – dava a entender que não teríamos casa cheia. Antes das 19h, via-se algumas poucas pessoas nos bares da frente do Fabrique Club tomando suas cervejas e ouvindo música alta, conversando e trocando ideia do que esperar do show, e também sobre quais mais shows iriam naquela semana.

Algo comum na Europa e Estados Unidos, semanas lotadas de shows têm se tornado algo cada vez mais corriqueiro para os paulistanos. Mesmo assim, o volume dessa semana específica era quase surreal, e havia a noção que um prejudicaria o outro em termos de lotação. Bem, as portas da casa foram abertas pontualmente às 19h, ainda com pouquíssima gente, mas em meia hora, horário que começaria a primeira banda de abertura, o Siegrid Ingrid, já havia algum volume interessante de pessoas em frente ao palco e espalhados pelo local, olhando merchandisings e tomando suas bebidas.

PRIMEIRA ABERTURA, SIEGRID INGRID ENTREGA CURTA E BOA APRESENTAÇÃO:

Foto por Gus Palma

Veteranos e calejados do underground paulistano, vindos dos anos oitenta, o Siegrid Ingrid é uma banda relativamente pouco conhecida, e estar em um evento como esse era boa oportunidade para mostrar o quão competentes são. Não decepcionaram! Fazendo seu som pesadíssimo e técnico, mas sem firulas, os paulistanos não se intimidaram para uma plateia pequena e que não era deles. Entregaram uma apresentação enérgica, com ótima presença de palco, e conseguiram tirar aplausos e foram ovacionados durante seus poucos minutos de show. Para quem não os conhece, é uma banda que vale a pena ouvir, e ao vivo mais ainda.

TORTURE SQUAD, COMO SEMPRE, ENTREGAM TUDO E MUITO MAIS. UMA DAS MAIORES DO BRASIL:

Foto por Gus Palma

Impossível um fã de Death Metal no Brasil não conhecer os gigantes do Torture Squad. É daquelas bandas já lendárias do cenário brasileiro, e com sua formação mais sólida e duradoura, já se tornaram sinônimo de maestria no palco. Pouco depois da apresentação anterior, o Torture Squad entrou no palco ovacionado e não decepcionou nos seus cerca de trinta minutos de apresentação. A vocalista Mayara Puertas está cada dia mais impressionante em sua performance vocal. E embora seu jeito menos comunicativo com a plateia possa parecer um pouco frio, a princípio, ao longo da apresentação ela mostra ter o domínio do seu público. Em cerca de quarenta minutos de apresentação, impossível não destacar o quão importante é essa banda para o metal nacional e o quanto seus músicos são merecidamente reconhecidos como ícones. Seja show completo, ou abertura, eles entregam sempre o seu melhor. Um show que todo bom apreciador do bom e velho Death Metal deve ver uma vez na vida.

HYPOCRISY ENTREGA PESO, MELODIAS, E… ALIENS!

Foto por Gus Palma

Adoramos shows pontuais! E pontualmente no horário marcado, o Hypocrisy subiu ao palco. quase dois anos após sua última passagem pelo Brasil. Os suecos, liderados pelo carismático e icônico vocalista e guitarrista Peter Tägtgren, um dos mais proeminentes nomes do Death Metal melódico do país escandinavo, abriram a apresentação com o hit “Fractured Millennium” de seu álbum homônimo de 1999, emendando uma sequência muito legal de hits com “Adjust The Sun” e “Eraser”, um dos grandes hits da história do quarteto.

Digno de nota, o ambiente ao fundo do palco e a própria iluminação eram exóticos! A pirâmide abaixo do logo “Hypocrisy” em referência à ufologia, com as naves espaciais nas laterais, e as luzes brancas vindas de trás dos membros, dando a eles um semblante de típicas imagens de alienígenas davam o clima exótico da apresentação, e ficou um contraste muito bacana com o som violento, além dos guturais incríveis de Peter.

O show seguiu com um medley de “Pleasure of Molestation” / “Osculum Obscenum” / “Penetralia” e depois vieram mais pedradas: “Don’t Judge Me”, “Children Of The Gray” e “Inferior Devoties”. A dinâmica do show continuou por toda a apresentação, o que significava pouca falação e muita música. No palco, os quatro integrantes são animados – não são muito de se mexer, correr, mas todos interagiam com o público durante as músicas, e sabiam levantar a plateia. Apesar da pouca comunicação verbal, quando resolvia falar com o público, o vocalista, com seu ótimo inglês, sabia o que dizer, e invariavelmente tirava gritos do público. Público que, diga-se de passagem, aumentou muito na hora do show da banda, longe do modesto número no começo do evento.

Foto por Gus Palma

Veio, então, “Until The End”, seguida de “Fire In The Sky”, “Impotent God” e “Chemical Whore”. A banda se despediu do palco ao som de “War-Path”, porém aos coros de “Hypocrisy” em uníssono, voltaram, claro, para o bis, e tocaram a saideira “Roswell 47”, um dos maiores, se não o maior, sucesso da banda, de 1996, do álbum Abducted.

APRESENTAÇÃO VALEU A PENA, APESAR DE FRACA SONOPLASTIA E TEREMOS MAIS:

Depois de uma apresentação esforçada, pois Peter teve recentemente problemas de saúde, e performance ALIENÍGENA, tanto em qualidade, quanto em temática, com o perdão da piada, o Hypocrisy novamente prova ser um dos maiores e mais diferenciados nomes do metal da Suécia, e como o próprio vocalista disse, eles voltarão! Não em naves espaciais para nos invadir, mas para nos agraciar com mais grandes shows. Muitos colegas fotógrafos podem criticar a luz, mas dentro da proposta que quiseram ter, deram o clima que precisavam, o que deixou o show ainda mais exoticamente imersivo. 

Foto por Gus Palma

A crítica negativa fica por conta do som. Em muitos momentos as guitarras falhavam, ou tinham o som estourado, além de pouco som de baixo. A bateria parecia mais alta ou mais baixa a depender do momento. No geral, ficou a desejar em sonoplastia, mas de forma alguma tornou o show ruim, ou menos impressionante. São músicos que souberam e sabem contornar adversidades do tipo, e entregam o show que os fãs querem. Pouco mais de uma hora de duração também é um tempo um bocado curto, e esperamos que num próximo, com a saúde do vocalista em perfeito estado, possamos ter um setlist mais longo. No mais, isso foi amenizado por dois ótimos shows de abertura. 

Que venha o próximo!

SET-LIST:

Fractured Millennium

Adjusting The Sun

Eraser

Pleasure of Molestation / Osculum Obscenum / Penetralia

Don’t Judge Me

Children Of The Gray

Inferior Devoties

Until The End

Fire In The Sky

Impotent God

Chemical Whore

War-Path

Roswell 47

HYPOCRISY:

Peter Tägtgren – Vocal e Guitarra

Mikael Hedlund – Baixo

Tomas Elofsson – Guitarra

Henrik Axelsson – Bateria

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