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KNOTFEST 2022: Festival, da banda Slipknot, teve sua primeira edição no Brasil; saiba como foi!

Pela primeira vez no Brasil, o festival da banda Slipknot, Knotfest, veio para São Paulo e teve um line up recheado de atrações! 

             Quando o Knotfest foi lançado, em 2012, parecia um sonho muito distante para o vermos em terras brasileiras. Acontecia exclusivamente nos Estados Unidos e tinha uma super produção – principalmente em termos de decoração – que enchia os olhos dos metaleiros e maggots. 

             Assim que o festival começou a expandir para outros países, começamos a perceber que, talvez, havia a possibilidade de sediar uma edição aqui. O ano de 2019 estava terminando quando finalmente veio o anúncio do Knotfest Brasil que estava programado para 2020. Só não contávamos que uma pandemia nos adiaria esse sonho. Devido a crise da Covid-19, o festival foi postergado para 18 de dezembro de 2022. 

             Eis que o grande dia chegou! O evento aconteceu no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, e contava com 2 palcos: KNOTSTAGE (principal) e CARNIVAL STAGE. Ambos se encontravam literalmente nas extremidades do sambódromo. Confesso que isso deu medo, pois sabemos que é longe! Cada palco revezaria com apresentações, que começariam às 11h, de um line up de peso! 

Confira a lista abaixo dos artistas em seus respectivos palcos: 

KNOTSTAGE: Black Pantera, Project46, Vended, Mr. Bungle, Bring Me The Horizon e Slipknot. 

CARNIVAL STAGE: Oitão + Jimmy & Rats, Trivium, Sepultura, Pantera e Judas Priest.

Obs: A banda Black Pantera foi escalada de última hora pois a atração inicial, Montionless In White, cancelou sua turnê no Brasil devido a problemas de saúde.  

              O festival contava também com vários food trucks, loja oficial e o esperado museu com relíquias da banda que faz a visita obrigatória para quem é fã. 

Realização e agradecimentos: 30e & Midiorama

Resenha por: Paula Quissack

Fotos por: Thammy Sartori

Fotos Judas e Slipknot: Divulgação / Stephan Solon


     Museum Slipknot

         por Felipe Maia

            Como nas outras edições do Knotfest, o museu do Slipknot esteve presente em São Paulo. Quem quis ver os artefatos das quase duas décadas de história da banda precisou tomar uma decisão difícil: deixar de ver alguma banda, já que a fila estava gigantesca e há quem esperou praticamente duas horas para entrar. No meu caso, sacrifiquei Mr. Bungle e Pantera, dos quais não sou fã.

           Na entrada, havia um banner contando a história do Slipknot e feitos notáveis. Ao entrar, músicas de todas as eras da banda embalavam a exibição de uniformes e máscaras – e, é claro, discos, pôsteres e bonecos.

           Dá pra entender por que a fila demorou tanto para andar. A produção criou experiências imersivas para os fãs fotografarem. No centro do museu, era possível replicar a cena do clipe de The Devil In I, onde Chris Fehn se explode com dinamite – depois bastava escanear um QR code para receber o vídeo. 

           No final do museu, era possível colocar headphones e tocar. As guitarras de Mick Thomson e James Root e o baixo do finado Paul Gray fizeram sucesso? Claro, mas quem roubou a cena foi a percussão – do lado de fora, era possível ouvir os fãs arriscando a marcha militar de The Blister Exists.

Fotos por Felipe Maia

As apresentações

         Black Pantera

             A banda mineira Black Pantera entrou no palco às 11h. O trio composto  pelos irmãos Charles Gama (vocal e guitarra), Chaene Gama (baixo) e o baterista Rodrigo “Pancho” Augusto tocaram seus principais hits para o pessoal que entrou cedo ou estava chegando. 

Destaca-se os momentos que no telão mostrava a frase “ VIDAS NEGRAS IMPORTAM” , quando a banda fez uma versão de “A Carne”  – música de Elza Soares – e homenageou a cantora projetando sua foto no telão do palco- e quando pediu um bate-cabeça composto apenas por mulheres. O grupo agitou bastante e recepcionou de excelente forma todos que chegavam no festival. 


           Oitão + Jimmy & Rats

           A banda estreou o Carnival Stage às 11h40. O público, que ainda estava chegando,  agitou bastante e curtiu o som dos caras. Tocaram músicas como “  Do Meu Jeito” , “Medo” e Jimmy mandou um “Tempo Ruim”, música do Matanza, que fez a felicidade da galera. 

Pra terminar, o público gritava “ Ei, Jimmy, vai tomar no c*” que fez com que o vocalista esboçasse um sorriso. 

            A entrada do Oitão aconteceu às 12h. Com um som pesado e figurino peculiar, deu seus primeiros acordes para o delírio da galera. Ao final, o público gritava “ MasterChef” fazendo referência ao vocalista Henrique Fogaça, um dos jurados do programa. O vocalista então fica desconcertado e sobressai o grito de “Oitão”. 


           PROJECT 46

           A empolgação dos fãs com o Project 46 no palco mostrou o porquê a banda está em ascensão, após a volta de um hiatus. Uma apresentação cheia de energia que fez seus fãs muito orgulhosos! A banda emplacou seus sucessos “Pode Pá”. “ Rédeas”, “Pânico” entre outras. Houve também um momento na qual a bandeira do movimento LGBTQIAPN+ foi levantada no palco e trouxe aplausos até de quem não era fã, mas estava curtindo o espetáculo. 


           Trivium 

          O Trivium subiu no Carnival Stage às 13h10. Neste momento, ficamos sabendo que muitos fãs estavam do lado de fora por problemas na fila. Já havia um público considerável, porém tinha uma fila quilométrica ainda à espera da entrada. Relatos de muitos fãs do Trivium que não conseguiram ver a banda, pois não conseguiram entrar a tempo.   

         O quarteto entra no palco e rouba gritos de um grande público – o maior até agora-.  Emplaca de cara o último single da banda In The Court of The Dragon  e a galera canta junto. Muitos circlepits são formados durante as músicas, bandeiras do Brasil levantadas e cartazes pedindo músicas (tinha um pedindo `Throes of Perdition’) . 

        O vocalista tira sua jaqueta e está com uma blusa da seleção brasileira, para a alegria dos fãs. Heafy repete seu discurso do show solo – contamos tudo no post aqui – e tocam músicas já tocadas no show anterior. 

        Pra mim,  a qualidade do vocal do Trivium é excelente, mas o backing vocal é absurdo! A segurança que o Corey passa para Heafy é impressionante e isso o deixa solto no palco. Sem contar os screams duplo que faz com que as músicas fiquem perfeitas. De olho no Trivium


        Vended

           Voltando para o Knotstage, onde a próxima apresentação já começaria, percorro a passos largos com pressa de perder o início do show. Neste caminho, reflito dois pontos importantes:

           1º – O tempo entre uma apresentação e outra deveria ter sido maior para conseguirmos nos locomover com menos euforia. Pensando que o percurso é longo, esse tempo era necessário.

          2º – Acessibilidade. O público PCD conseguiria fazer esse trajeto? Conseguiriam curtir o show normalmente? Tive a informação de que todos os  ingressos PCDs receberam uma cadeira motorizada. Menos pior, uma vez que seria inviável caso utilizasse seus equipamentos convencionais. Ainda tenho minhas dúvidas quanto ao acesso das áreas e locomoção na entrada de palco etc. 

          Já no Knotstage e com menos pessoas, o Vended sobe no palco. A banda se demonstrava esforçada para conquistar o público, que demorou um pouco para responder. Destaco a imensa similaridade que o vocalista Griffin tem com seu pai, Corey Taylor  – vocalista do Slipknot. No momento que eu fechava meus olhos e ouvia Griffin falando e gritando, minha mente só visualizava o Corey. Desde presença de palco até vocabulário.

          Griffin agradeceu várias vezes por tocar no Brasil e disse que era “uma honra e um privilégio estar tocando aqui hoje”. Gostei do uso da palavra ‘privilégio’, pois sabemos que é isso. Vended é uma banda nova no cenário e se não fossem seus pais, provavelmente não estariam com tais oportunidades. 

          A  banda teve uma boa apresentação, apesar de algumas falhas técnicas. A galera até agitou um pit no final e fez a banda sair do palco aplaudida!  Agora é observar o crescimento do Vended e vê-los ganhando espaço. 


         Sepultura 

         Na minha longa caminhada de volta ao Carnival Stage, vejo um telão passando o final da Copa do Mundo. Fãs se aglomeraram no meio da passarela do sambódromo e muitos também sentaram nas arquibancadas. No momento, a partida estava sendo decidida nos pênaltis e de maioria torcedora Argentina. Até pessoas vestidas com a blusa da seleção Argentina tinham – pra variar um pouquinho das camisetas pretas. Com a vitória do time sul-americano, torcedores comemoraram e dispersaram a aglomeração. 

          Os problemas da fila estavam se resolvendo aos poucos e neste momento, o Carnival estava lotado. Andreas e sua banda sobem no palco, para delírio de todos. 

         A banda tem uma apresentação muito pesada e cheia de energia. Sucessos como “Refuse/Resist”, “Dead Embryonic Cells” e “Roots Bloody Roots” estavam presentes em seu show que foi muito dinâmico! Teve convidados mais que especiais para dividirem o palco: Scott Ian ( Anthrax/ Mr. Bungle) em Cut-Throat, Matt Heafy (Trivium) em Slave New World e Phil Anselmo ( Pantera) em Arise – este que gritou só umas linhas e não teve grande relevância na música.   


         Mr. Bungle

          Com seu estilo extravagante e, de certa forma, cômico, Mr. Bungle toma o Knotstage para a alegria dos presentes! O grupo formado por estrelas do rock é composto por: Mike Patton ( Faith No More) nos vocais, bateria por Dave Lombardo ( ex-Slayer) e Scott Ian (Anthrax) na guitarra. O show teve em seu repertório músicas próprias, mas também, foi recheado de covers. Mr. Bungle também contou com convidados especiais como o vocalista do Sepultura Derrick Green e o guitarrista Andreas Kisser para tocarem juntos a canção “Territory”. 


          Pantera

          Na parte da tarde, já estava querendo chover. Neste momento, às 17h, o festival estava no mínimo lotado. Se antes tínhamos problemas de fila no lado de fora, agora tínhamos o mesmo problema dentro. Qualquer serviço disponível tinha muita fila. A demora para a entrega de um lanche era de aproximadamente 1 hora. Perdia-se a vontade de ir ao bar ou comer alguma coisa, até mesmo comprar camisetas. O banheiro era praticamente inviável pois, além da fila, alguns encontrava-se em estado deplorável. 

          Para nos movermos de um palco a outro, uma multidão deixava o trajeto lento – e corria risco de perder pelo menos 3 músicas do início do show. Era uma escolha complicada: ou você sacrificava as ultimas músicas de um show, ou sacrificava o começo do próximo show. Apenas com tele transporte chegaria a tempo.

         A parte menos pior é que enquanto o show acontecia no Knotstage, ele era transmitido nos telões do Carnival Stage – porque o palco estava sendo montado para a próxima atração- e vice-versa. 

        Chegou a vez do tributo do Pantera. A banda contava apenas com Phil Anselmo (vocal) como membro original. Os irmãos Dimebag Darrell (guitarra) e Vinnie Paul  (bateria) já são falecidos e Rex Brown (baixo) está se recuperando da Covid-19. No lugar entraram Zakk Wylde ( Black Label Society), Charlie Benante ( Anthrax) e Derek Engemann ( Cattle Decaptation) respectivamente. 

        O Tramamos esteve presente no show solo em São Paulo (para conferir a resenha e mais detalhes do show clique aqui). 

         O público estava bem empolgado enquanto outros se recusaram a assistir – em protesto contra o vocalista Phil Anselmo devido sua saudação nazista em 2016. 

          O Pantera colocou  seus grandes sucessos nostálgicos no setlist. Era a primeira vez de muitos fãs e vi gente se emocionando. Tudo já foi comentado na resenha anterior e vale a pena conferir porque foi basicamente o mesmo.

          Gostaria de dar um adendo na qualidade vocal de Phil Anselmo. Devido sua idade e estilo de vida, pressupus que estaria péssima. Foi aí que me enganei! É impressionante como ele consegue reproduzir de maneira excelente seus hits. Tirando as baladas, músicas mais calmas definitivamente não combinam mais com sua voz.


          BRING ME THE HORIZON

          Outro show que não foi diferente do show solo em São Paulo, foi o Bring Me The Horizon. Suas projeções são sempre muito bonitas, impressionam até quem já tenha visto antes. Muito legal também são as letras no telão para galera cantar!  

         O que conquista, além da música, é a paixão que o vocalista Oliver Sykes tem pelo Brasil. É prazeroso vê-lo tratar o público com tanto carinho e empolgação. Abraçou fã, desceu do palco com gorrinho de Papai Noel e estava genuinamente feliz.

        Seu português pode não ser perfeito, mas a consideração de tentar se comunicar na língua local é o que vale a pena. É aquela regra da linguística: não existe certo ou errado, se a mensagem foi passada a comunicação atingiu seu objetivo. Por isso não quero ninguém zoando o Sykes pelo seu português! Um show sem defeitos, não poderia esperar o contrário de BMTH. 


          JUDAS PRIEST

          Já era noite quando Judas Priest entrou no palco. Novamente, o show seguiu a mesma linha do show solo (e a resenha você confere aqui). Trouxeram a cruz suspensa e a moto. Na minha opinião, foi o show da noite. Judas Priest não para de surpreender com seu espetáculo impecável! Gosto muito do repertório que não dá um minuto de descanso para os fãs.


          SLIPKNOT

           Nem terminado o show do Judas Priest, no Carnival Stage, já havia fãs saindo pra garantir um bom lugar no       Knotstage. A próxima apresentação nele seria: Slipknot.

          Estava lotado! Lotado mesmo, eu não conseguia ver o fim da multidão! Havia uma grande expectativa para esse show, uma vez que, eram os donos de tudo ali. O palco tinha um design personalizado para sua apresentação. Digo isso, pois foi a única coisa diferente dos demais shows já visto anos antes (resenha do show do Slipknot no Rio de Janeiro aqui).

          Essa monotonia me fez pensar: não seria melhor modificar um pouco? Responderemos a pergunta mais tarde.

          Quando a cortina cai, a banda aparece e começa a tocar “Disasterpiece”, o público vai à loucura. Muitas músicas repetidas de setlist antigos tocam, como:  “Wait and Bleed”, “Sulfur”, “Before I Forget”, “Dead Memories”, “ The Heretic Anthem”, “ Psychosocial”, “Duality”, “Spit It Out” e “People = Shit”. Algumas pequenas modificações como a adição de  “All Out Life” , “Unsainted” , “Custer” e “Surfacing”. 

           O vocalista Corey Taylor conversa o tempo todo com o público. O tempo todo mesmo, chega até ser irritante a cada música começar um discurso enorme, mas coisas importantes foram faladas. Principalmente: que todos os fãs são considerados família e deu boas vindas às pessoas que estavam ali pela primeira vez. Isso deveria ser feito em um grupo de 3 músicas para fazer o show fluir sem interrupções. Perdoado, pois isso aconteceu apenas no início, depois o show fluiu sem interferências.

           Corey tem um personagem muito sarcástico, irônico e cômico quando coloca a máscara. Isso foi um diferencial neste show – normalmente sempre o vemos muito sério e querendo botar medo. Ao perguntar se o público gostaria de mais uma música, ele interrompia a canção perto do final para fazer o mesmo questionamento. Foi muito legal e empolgava todos para responder. Corey Taylor é um gênio!  

           Como citado acima, Corey perguntou quem estaria vendo o Slipknot pela primeira vez naquela noite. Muita gente levantou a mão e foi aí que a minha indagação “não seria melhor modificar um pouco?” teve sua resposta: não.

          Ao tocar as músicas novas, poucos cantaram. Ao tocar as músicas conhecidas, a galera agitou, cantou e chorou. É a vez de quem está lá – pela primeira vez- , viver a experiência do show com as músicas marcaram suas vidas, da mesma forma que eu e tantos outros já vivemos. Não se mexe em time que está ganhando.

         O Slipknot fechou o festival com chave de ouro. Isso é de extrema importância, porque se o último show for ruim, vamos para casa com a sensação de que o festival não valeu a pena. Apesar de ter sido um evento difícil de viver, devido a tantos problemas, no final deu certo. O show do Slipknot apagou todas as frustrações do dia e fez com que muitos queiram retornar nas próximas edições, incluindo eu.

 


EM BREVE MAIS FOTOS DO FESTIVAL
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