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Resenha: Avenged Sevenfold “Life Is But A Dream…”

Depois de anos de espera, o A7X finalmente lançou Life Is But a Dream… e absolutamente ninguém estava preparado para o que estava por vir

Por Allan Mori e Aida Mori

Genialidade que beira a loucura

Pausa para respirar e conferir se está tudo bem depois de 53’21” de sons desconexos que, inesperadamente, se combinam em uma obra de arte sem precedentes.

Independentemente da reação, qualquer ouvinte da banda, ainda que bem familiarizado com toda essa coletânea que ganha um giro com frequência, concordará que ninguém estava preparado para a experiência de Life Is But A Dream…

Os fãs, principalmente os que acompanham o A7X há algum tempo, tinham expectativas enraizadas na estrutura conhecida e familiar de um metal(core) cheio de riffs de guitarra, bateria com a pressão avassaladora de bumbos duplos e um contrabaixo preciso para acompanhar, um conjunto “amarrado” pelos vocais rasgados inconfundíveis de M. Shadows.

É certo que você vai encontrar tudo isso neste álbum…, mas não da forma como espera.

Fora da caixa, dos moldes e da realidade

O Avenged Sevenfold cresceu e mudou de endereço sem dar aviso; na bagagem, levaram apenas o nome e a história. Nessa evolução não cabem receitas e nada é, ou será, como antes. A banda decidiu criar seu próprio gênero musical e quer ser 100% original, com um álbum honesto, sincero, orgânico e “na cara”. Uma viagem sob medida para quem ama música e não se restringe a um único gênero.

Quanto mais você procura pelo som clássico e confortável, já conhecido da banda, mais distante ele fica. O nível de desconforto na primeira audição é inexplicável, mas as recompensas são meticulosamente dispostas ao longo das faixas. Life Is But A Dream… passeia por estilos (e eras) sem qualquer moderação e não dá um momento de paz até a última nota – de piano, diga-se de passagem. É interessante observar como uma obra composta com tantos elementos de produção pontualmente emprestados do pop consegue formar um conjunto que soa tão “anti-pop”.

A jornada

Tudo começa com uma aula de música erudita, seguida pelos graves tradicionais e característicos do pop eletrônico, um tanto exagerados propositalmente e pontuados por efeitos vocais nos momentos certos. A cada música, um aperto no coração que se estabelece desde “Game Over” e continua de mãos dadas com a banda daí para a metade do álbum – e além.

O ouvinte, então, se choca com “Mattel”, é levado a questionar sua realidade com “Nobody” e segue sendo testado na conhecida “We Love You”. Isso, até ser devidamente mastigado em “Cosmic”. Se não fosse o suficiente, as músicas resolvem te atormentar com as letras e os sentimentos que evocam a cada faixa. “Beaultiful Morning” faz questão de colocar um holofote sobre o contraste na nova paleta musical do Avenged, a dicotomia entre sons mais pesados, fechados, apertados e sons mais abertos, felizes (tudo com uma pitada de ironia e sadismo).

“Easier” é tudo, menos mais fácil. Com um começo denso e um final cada vez mais leve, é uma deixa perfeita para o início da – não muito santa – trindade: “G” flerta descaradamente com tudo aquilo que é progressivo, funk e jazz. (O)rdinary” continua na pegada funk, com um acréscimo de sintetizadores característicos de grupos como Daft Punk, e faz você se questionar se o que está ouvindo é real ou apenas um sonho – ou se a banda está, literalmente, tirando onda com a sua cara.

O final é uma muralha que te espreme até levar a “Death”, uma faixa grandiosa em que as dissonâncias complementam o peso lírico que reflete a pressão de se estar vivo, até se dar conta de que é o fim. “Life Is But A Dream” é um quase uma coda e traz alguma familiaridade nos acordes com as melodias cromáticas e ao mesmo tempo dissonantes, evocando um cenário inocente e trágico.

Veredito

Life Is But A Dream… é um divisor de águas. Existe um antes e um depois para quem ouve esse álbum. O excesso de novidades e rebuscamento das transições, feitas sem nenhuma cerimônia, fazem com que as músicas nos moldes tradicionais fiquem um tanto sem graça.

É uma viagem em que você embarca se perguntando se vale a pena, mas chega à última parada tentando descobrir por que ninguém nunca fez isso antes.

Recomendadíssimo!


Ouça LIBAD na íntegra!

Todas as músicas estão disponíveis integralmente no canal do Avenged Sevenfold no YouTube e em outras plataformas de streaming.

Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

2 comentários sobre “Resenha: Avenged Sevenfold “Life Is But A Dream…”

  • Esse álbum me cativou pela estranheza. Para mim, é uma evolução clara do The Stage, que é uma clara evolução do Self-Titled. Se eu ouvisse esse álbum quando virei fã do A7X, aos 15, eu claramente teria torcido o nariz. Mas ouvindo hoje, aos 27, esse álbum me ganha cada vez mais a cada nova audição
    Creio eu que, caso The Rev não tivesse vindo a óbito em 2009, teríamos essa veia prog de The Stage e LIBAD logo após o Self-Titled, de 2007, visto que há composições de The Rev em LIBAD (Mattel e Beautiful Morning).

    Resposta
  • Pingback: Avenged Sevenfold | M. Shadows diz que agradar os fãs não é trabalho da banda – TRAMAMOS

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