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[RESENHA] ‘The Insulated World’: o fantástico novo álbum do DIR EN GREY

Depois de quatro anos sem nenhum lançamento significativo, o DIR EN GREY nos presenteia com essa obra de arte que é ‘The Insulated World’. Nesta resenha, falo um pouco sobre cada música e o que esperar do 10º álbum de uma das maiores lendas do J-Rock mundial e já adianto: VALE MUITO A PENA!

Sobre o DIR EN GREY (a pronúncia correta é ‘dir an grei’), o compositor e colunista Thom Jurek disse: “Eles incorporam tantos elementos sonoros e musicais nas suas composições que estendem não apenas o alcance de sua própria música, mas os limites de qualquer música que incorporam ao seu som”.

A banda tem um som bizarro e grotesco, e já passou por tantas mudanças de sonoridade que é difícil determinar seu estilo. Já foram categorizados como metal extremo, metal alternativo, metal experimental, avant-garde e muitos outros. Com tanta inconstância, a única coisa que parece ser consenso é que o DIR EN GREY toca algum tipo de metal. Embora no começo o som se aproximasse mais de uma variante experimental de rock alternativo, com algumas faixas do primeiro álbum, ‘Gauze’, apresentando um apelo distinto ao pop, essa influência foi rapidamente substituída pela pegada progressiva e – cada vez mais – pesada dos anos seguintes.

Depois dos 8 CDs que levaram a banda, gradativamente, a conquistar um público fiel dentro e fora do Japão, ‘Arche’, o 9º álbum, não causou tanto impacto quando esperado. Faltou coesão e, apesar de algumas pérolas – como a pesadíssima e impecável ‘Behind A Vacant Image’ –, o público não se impressionou (e nem eu). Não demorou até que o quinteto voltasse para o estúdio, mas o processo de produção de ‘The Insulated World’ durou nada menos que 4 anos. Depois de tanta espera, vamos ao que interessa! As faixas do álbum são:

 

  1.  軽蔑と始まり(Keibetsu to Hajimari, Beginning With Contempt)
  2. Devote My Life
  3. 人間を被る(Ningen wo Koumuru, Suffering Human Beings)
  4. Celebrate Empty Howls
  5. 詩踏み (Utafumi, The Wandering Song)
  6. Rubbish Heap
  7. (Aka, Shine)
  8. Values of Madness
  9. Downfall
  10. Followers
  11. 谿壑の欲 (Keigaku noYoku, Ravenous Greed)
  12. 絶縁体 (Zetsuentai, Insulator)
  13. Ranunculus

 

 

 

 

 

A primeira música apresentada ao público foi ‘詩踏み(Utafumi, The Wandering Song) e muitos fãs ficaram mais desconfiados que empolgados com o vídeo, que já trazia o feeling de show de horrores que marca o novo álbum.

 

 

Pessoalmente, quando assisti ao clipe promocional, tive certeza que aquele era o DIR EN GREY se redimindo. O primeiro manifesto da banda veio poderosíssimo e eu queria mais. Muito mais. E, é claro que eles não decepcionaram com a amostra (já que a versão original foi censurada no YouTube e em vários outros canais) de ‘人間を被る(Ningen wo Koumuru, Suffering Human Beings)’, uma pancada em forma de música. A faixa tem um refrão difícil de tirar da cabeça e a instrumentação é realmente bem executada e produzida, mas a reclamação mais frequente tem relação com a mistura de gritos, rosnados, resmungos e rapping de Kyo (vocalista), aspecto que não me chocou nem um pouco. Sons definitivamente muito mais estranhos já saíram da boca dele.

 

 

Infelizmente, a repercussão não foi tão grande quanto o esperado e, apesar de não ter visto muitas pessoas falando mal da música, também não vi muitas falando bem, e todo mundo sabe que ser ignorado é sempre pior que ser criticado. Injustiça pura!

Até o lançamento do vídeo promo de ‘Ranunculus’, liberado apenas duas semanas antes da estreia de ‘The Insulated World’, em 26 de setembro, posso dizer que ainda não tinha ideia de todo o potencial do álbum. A música é – tanto quanto se pode esperar do DIR EN GREY – uma espécie de balada irresistível, e o clipe é simplesmente desconcertante. Trata-se, provavelmente, do planejamento de produção mais cheio de vida, emocional e temático que vi da banda. Minha música favorita no CD.

 

 

A faixa de abertura é ‘軽蔑と始まり(Keibetsu to Hajimari, Beginning With Contempt), e já mostra que a banda não está para brincadeira. São vocais agressivos e variados, indo de rosnados profundos a um gutural gritado. Em seguida, vem a abordagem menos óbvia, mas também muito poderosa de “Devote My Life”, que traz um estilo avant-garde característico, com instrumentos notavelmente dissonantes e baixo e bateria transparecendo uma certa inspiração punk-rock.

Em contrapartida, ‘Celebrate Empty Howls’ e ‘Rubbish Heap’ ficam bastante dentro do esperado, pra não dizer ‘na média’, trazendo uma mistura entre vocais limpos e rasgados em ambas as músicas que, aliás, apresentam quase a mesma sonoridade, com exceção da influência eletrônica na abertura de ‘Rubbish Heap’.

O álbum muda drasticamente a partir deste ponto. Acredito que novos e futuros fãs da banda vão todos gostar de alguma coisa, individualmente, no decorrer do CD, mas os fãs de longa data vão se identificar mesmo com esta segunda parte.

 

 

Em ‘赫 (Aka, Shine), pela primeira vez em muito tempo, tudo é desacelerado um pouco e traz uma energia mais leve, despojada ao ponto desta ser simplesmente uma música incrível composta naturalmente por algumas das mais geniais mentes do Visual Kei. A instrumentação dramática é a diferença mais notável da composição, que nos envolve e então nos mergulha em uma espécie de experimento semi-bizarro com a passagem para ‘Values of Madness’, em que os vocais se dividem entre guturais, melódicos e… muito estranhos (sério, é estranho mesmo!). Serve para mostrar que dá pra fazer uma coisa por mais de 20 anos e ainda ter espaço pra tentar algo novo.

‘Downfall’, com uma pegada mais próxima das primeiras produções do DIR EN GREY, dá um ótimo equilíbrio e acrescenta à coesão do álbum, enquanto ‘Followers’ é praticamente ‘Aka’, com algo a mais. Ela pende para um lado obscuro e menos emocional que, com certeza, vai conquistar aqueles que apreciam um som pesado e intenso, mas preferem vocais mais melódicos. ‘谿壑の欲 (Keigaku noYoku, Ravenous Greed), por outro lado, vai falar mais alto – literalmente – para o público que aprecia um som pesado e intenso, mas quer mesmo ouvir guturais e vocais rasgados. São duas músicas que se complementam e trabalham os pontos fortes e fracos uma da outra. Cada uma cria quase que a mesma espécie de atmosfera, sem parecer mais do mesmo.

A penúltima faixa é a que inspirou o nome do álbum: ‘絶縁体 (Zetsuentai, Insulator). Com 7 minutos de duração, o mínimo que posso dizer é que é uma dessas músicas difíceis de gostar logo de cara. Eles canalizam muito tempo e energia tentando fazer tudo fluir naturalmente e dar um propósito para a composição sem deixar muito (ou nenhum) espaço morto. Com certeza vai ser preciso ouvir outras vezes – e ler a letra – para decifrar a mensagem, mas a primeira impressão foi bastante positiva. Spoiler: a música vai virando uma balada de acabar com a gente.

No geral, ‘The Insulated World’ é um conjunto impressionante, sonoramente poderoso e musicalmente complexo. Imagino que o público talvez fique dividido, já que muito do que a banda apresenta é experimental. Mesmo não sendo tão coeso como alguns álbuns anteriores, os novos estilos vocais e a atenção muito maior às composições ficam claras e são algo pelo qual parabenizar a banda.

Realmente espero que todos os fãs continuem a apoiar o DIR EN GREY (e outras bandas) incentivando novos lançamentos, comprando as músicas, seguindo sites e redes sociais e procurando mostrar respeito pelo trabalho e dedicação que os artistas colocam em cada faixa.

Para comprar o ‘The Insulated World’ visite: Amazon: Japan, Amazon: USA, CD Japan ou DIR EN GREY iTunes

Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

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