Show eletrizante em São Paulo marca a despedida de Nicko McBrain do Iron Maiden
Dois anos após sua última vinda ao Brasil, o Iron Maiden voltou ao país para dois shows: os derradeiros da turnê denominada The Future Past, durante a qual os ingleses reafirmaram seu status de ícones do heavy metal.
Entretanto, a noite de sábado (7) foi marcada por um momento histórico e carregado de emoção: aos 72 anos, o baterista Nicko McBrain anunciou que este seria seu último show com a banda, encerrando uma trajetória iniciada mais de quatro décadas atrás. O tom do comunicado, divulgado nas redes sociais, era de gratidão.
“Depois de muita reflexão, é com tristeza e alegria que decidi me afastar do ritmo intenso das turnês. Hoje, sábado, 7 de dezembro, em São Paulo, será meu último show com o Iron Maiden. Desejo muito sucesso à banda no futuro”, declarou Nicko.
Ele também expressou seu carinho pelos fãs e pela família: “Tocar com o Maiden nesses últimos 42 anos foi uma jornada incrível! Aos fãs dedicados, vocês fizeram tudo valer a pena, e eu amo vocês! À minha esposa Rebecca, que tornou tudo mais fácil, e aos meus filhos Justin e Nicholas, obrigado por compreenderem minhas ausências. Amo vocês!”
Com isso, a expectativa para o show atingiu níveis altíssimos. Mas vamos por partes…
Volbeat: preparando o terreno
Na ativa desde 2001, mas ainda relativamente desconhecido no Brasil, o Volbeat conseguiu cativar os fãs que aguardavam ansiosamente pelo grande espetáculo da noite. Com um setlist repleto de sucessos, o grupo cumpriu com louvor a missão de preparar o público.
Não obstante a típica resistência que impede recepções mais acaloradas, o Volbeat interagiu com a plateia, agradecendo a oportunidade de abrir o show e perguntando se todos estavam animados. A resposta foi um uníssono “sim”, retribuído com uma performance cheia de energia.
Com pontualidade britânica, os dinamarqueses subiram e desceram do palco no horário previsto, apresentando 12 músicas, incluindo “The Devil’s Bleeding Crown”, “Black Rose” e, para fechar com chave de ouro, “Still Counting”. Era evidente a empolgação de parte do público, que cantava junto com a banda enquanto o carismático vocalista Michael Poulsen dava tudo de si.
Iron Maiden: fazendo história
Às 20h50, às luzes do estádio se apagam, e o clássico “Doctor Doctor”, do UFO, ecoa pelo Allianz Parque, arrancando os primeiros gritos da multidão. Em seguida, “Blade Runner (End Titles)”, de Vangelis, intensifica a expectativa. Às 21h em ponto, McBrain, Bruce Dickinson (vocais), Steve Harris (baixo) e os guitarristas Dave Murray, Adrian Smith e Janick Gers começam a surgir no palco, sendo Dickinson o último a aparecer, já cantando “Caught Somewhere in Time”, a primeira do setlist, seguida por “Stranger in a Strange Land”, fazendo uma dobradinha do álbum “Somewhere in Time” (1986).
Na sequência, três representantes do ainda recente “Senjutsu” (2021), compondo a fatia “Future” do repertório: “The Writing on the Wall”, “Days of Future Past” e “The Time Machine”. Mesmo nessas, o público demonstra entusiasmo, cantando junto e correspondendo à energia de Bruce, que não para de animar os fãs, pedindo palmas e coros.
O público é um espetáculo à parte, reunindo pessoas de todas as idades e estilos. O momento, histórico: entre as músicas, os gritos de “NICKO! NICKO!” ecoam pelo estádio.
O repertório equilibrado traz faixas como “Alexander the Great” (talvez pela última vez) e a clássica “Fear of the Dark”, garantindo emoção e nostalgia. Gers e Murray brilham com suas performances cheias de energia e habilidade, enquanto Smith impressiona com sua precisão. Dickinson, como sempre, um showman incansável.
Outro destaque jaz no aspecto visual. Cenários elaborados, projeções e a icônica “briga” com Eddie, o mascote, arrancam aplausos e risadas. O Iron Maiden entrega mais do que música; uma experiência sensorial completa.
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Bruce também homenageia Nicko com um discurso emocionado: “Nicko, esse show é seu, esse palco é seu. Use-o!” Sem palavras, o baterista demonstra sua gratidão ao público, curvando-se diversas vezes, em um gesto sincero de agradecimento.
O encerramento com “Hell on Earth”, “The Trooper” e “Wasted Years” deixa um inevitável gostinho de “quero mais”. Uma noite épica, que reafirmou o status do Iron Maiden como uma das maiores bandas de heavy metal do mundo, e uma despedida emocionante e inesquecível para Nicko McBrain.
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