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THE GAZETTE | Você sabe o significado das músicas de “NINTH”? A gente te conta!

NINTH é o nono álbum em estúdio da maravilhosa carreira do The GazettE.

Lançado em 13 de junho de 2018, no Japão, pela Sony Music Records e, na Europa e na Rússia, pela JPU Records.

 

Sobre NINTH

Disponibilizado para download, NINTH chegou ao topo das paradas do iTunes para bandas de rock em Belarus, na Finlândia, França, Hungria, Polônia, Turquia e Suécia. O álbum também entrou para o Top 10 na Bulgária, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, Rússia, Eslováquia e Espanha. Pela primeira vez, o The GazettE entrou para o Top 10 mundial da Billboard, chegando à sétima posição na primeira semana depois do lançamento.

Neste post, o Tramamos vai falar sobre os significados das letras e as intenções por trás de cada faixa de NINTH. Se já é impossível não amar o álbum sem compreender completamente seu significado, ouvir cada música conhecendo sua história é estar um passo mais próximo de uma das mais talentosas bandas do visual kei de todos os tempos.

 

[Clique na lista para ir direto para a faixa selecionada. Se a música que você procura não estiver disponível, não se preocupe; este post será atualizado diariamente. Você também pode enviar uma mensagem para o Tramamos usando nossa área de comentários e pedir a letra que quer ver analisada!]

# Título Duração
1. 99.999 (instrumental) 1:17
2. Falling -Ninth Mix- 3:48
3. Ninth Odd Smell 3:23
4. Gush 3:27
5. The Mortal 4:04
6. Utsu semi (虚蜩; “Emptiness”) 3:47
7. Sonokoe wa moroku (その声は脆く; “That Voice Is Brittle”) 5:02
8. Babylon’s Taboo 3:55
9. Uragiru bero (裏切る舌; “Betrayal Tongue”) 3:30
10. Two of a Kind 4:00
11. Abhor God 2:58
12. Unfinished 3:51

 

 

01. 99.999

 

 

As faixas instrumentais de abertura dos álbuns do The GazettE sempre buscam abranger todos os sentimentos e intenções da banda para o álbum.

99.999 é um anúncio do que está por vir, ao mesmo tempo que encarna os fantasmas de todos os álbuns passados, trazendo elementos de todas as outras introduções e compilando, num misto de euforia e terror absoluto [pure dread… onde foi que ouvi isso? rsrsrsrs], todo o crescimento, as dificuldades, batalhas e vitórias do The GazettE.

Apesar de contar com alguns trechos cantados, é considerada uma faixa instrumental, porque não existe uma letra em si, apenas palavras e frases curtas (a única realmente clara sendo “Jesus”, repetida num tom indefinido entre o medo e a súplica) permeando sons eletrônicos, instrumentos e o que parecem orações, gritos e lamentos.

Ainda que comece bastante pesada, à medida que avança, 99.999 perde bastante da escuridão da chamada “Era das Trevas” (que tem como expoentes DOGMAUGLY e UNDYING), caminhando em direção ao passado e soando cada vez mais próxima do estilo do início da carreira da banda.

É uma espécie de regressão e abre o caminho para que possamos observar toda a trajetória do The GazettE através das outras músicas de NINTH.

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02. FALLING

 

 

Tradicionalmente, o The GazettE expressa seus sentimentos de maneira muito particular, normalmente complementando as intenções das letras através de seus videoclipes. Enquanto algumas músicas são bastante diretas e fáceis de interpretar, outras se apoiam fortemente nos vídeos para se fazer entender. Alguns exemplos em que isso ocorre são Taion, Guren e, mais recentemente, Falling.

 

 

Falling

 

Since then how long

Do you know how long it’s been?

konton no soko e tobiko mou ima motsure au youni

 

Falling down
d
eep in to the dark

 

kako toki yugamu himei kake chigaeta Mind

oboro ni fusagu me wo kakushita

Stuck in my head kako toiu bourei ni darakushi kuruu

ore wa doko kara

 

shinsou de NEJI reta shisou ga hare agaru mujun darou ka

shinsou de NEJI reta shisou ga aishita nare no hate

 

sakebe kyozetsu no shita de tatenu konou da toshitemo

mogake jishitsu ni kureta sugi shihi ni jibun wo mita ima nara

 

We just believe in ourselves to die

l know you were the same

 

onaji itami wo daki ai kowarete iku

barabara ni kudake chitte mo ii

To be reborn again

l’m gonna fall

 

kako toki yugamu himei kake chigaeta Mind

oboro ni fusagu me wo kakushita

Stuck in my head kishimu oto ga

 

Inside me

Something’s changing

I see an ending

Take it all in

I’m gonna fall

 

kieteiku kanashimi wo mitsume

 

We just believe in ourselves to die

I know you were the same

 

onaji itami wo daki au hakanasa ni

 

wasurenaisa kore wa owari janai

saa me wo akete ochite ikou

 

We just believe in ourselves to die

 

kowarete mama de ii

Caindo

 

Quanto tempo desde aquela época?

Você sabe quanto tempo passou?

Vamos mergulhar no caos, para tentar nos conectar

 

Mergulhando fundo na escuridão

 

Gritos trazem à tona um passado distorcido, minha mente corrompida

A névoa bloqueou meus olhos, escondendo tudo

Preso na minha mente, enlouqueço, devastado por fantasmas do meu passado

Por onde começar?

 

Esses pensamentos enraizados podem ser uma arrogância contraditória,

mas esses pensamentos enraizados são a sombra do que um dia foi amor

 

Grite, porque sob essa rejeição existe uma angústia infinita

Sofra, porque agora você vê quem era e os dias que perdeu na indiferença

 

A única certeza que temos é que vamos morrer

Sei que você sente o mesmo

 

Sentimos a mesma dor, vamos apoiar um ao outro

Podemos nos partir em fragmentos dispersos

Para renascer

Eu vou cair

 

Gritos trazem à tona um passado distorcido, minha mente corrompida

A névoa bloqueou meus olhos, escondendo tudo

Preso na minha mente, ouço o som de um riacho

 

Dentro de mim

Algo está mudando

Eu vejo um fim

Pode ficar com tudo

Eu vou cair

 

Observando a tristeza, que desaparece

 

A única certeza que temos é que vamos morrer

Sei que você sente o mesmo

 

Sentimos a mesma dor, em vão

 

Lembre-se de que este não é o fim

Então abra os olhos e vamos cair

 

A única certeza que temos é que vamos morrer

 

Nós podemos ser quebrados

 

Sobre a música:

A segunda faixa de NINTH é completamente inspirada na banda, sendo quase uma retrospectiva da vida do The GazettE fora dos palcos, assim como uma espécie de previsão para o futuro e o vídeo está cheio de indicações dessa dinâmica, por isso vamos usar o MV como suporte na análise da música. Em entrevista, Ruki afirmou que a letra é realmente sobre os cinco integrantes, seu passado e como conseguiram superar as dificuldades juntos.

 

 

O rapaz = cor azul.
Representa o passado dos integrantes e, inicialmente, tristeza/depressão/autodestruição.
Ao final, se torna calma, paz e aceitação.

A moça = cor vermelha.
Representa o futuro dos integrantes e, inicialmente, fúria/rebeldia/raiva/destruição dos outros.
Ao final, se torna amor, amizade e esperança.

 

O vídeo começa com a imagem acima: as fotos dos personagens principais do vídeo emolduradas em neon azul e vermelho sobre uma cama, indicando que os dois tem uma relação de intimidade e são muito próximos, ao ponto de serem interdependentes.

Apesar da insinuação, em nenhum momento são mostradas cenas que demonstrem mais que amizade entre eles, e não fica claro se são irmãos, amigos ou mais que isso. [qualquer semelhança com certos relacionamentos entre certos membros da banda pode não ser mera coincidência – ‘insira imagem mental do ship aqui’]

Ruki, no vídeo, representa o presente e veste roxo (a mistura entre as cores azul e vermelho, ou seja, o ponto em que passado e futuro se encontram e que é o único momento que realmente podemos viver). 

Em poucos segundos, a imagem escurece e dá lugar a um carro. Isso mostra que a música é uma viagem na qual os personagens – a banda – embarcam. Alguns detalhes nesta cena são importantes: o próprio carro e os dizeres da placa, por exemplo.

 

 

O carro: A Cadillac ficou conhecida por produzir automóveis de luxo sob o slogan: “Vida, Liberdade e a Busca (da felicidade)”. Esta pode ser uma referência ao desejo constante das pessoas por riqueza, luxo e dinheiro como uma forma de realização e fuga dos seus problemas. Trata-se de um carro antigo, com a pintura bastante desgastada, o que pode significar que essa busca é algo ultrapassado, mas que alguns percebem como única forma de atingir seus objetivos.

A maior parte dos músicos formam bandas não por amor à arte, mas pela promessa de sucesso e com o objetivo de conseguir dinheiro, fama e todos os benefícios que, supostamente, acompanham essas coisas. Para isso, acabam tomando atitudes das quais se arrependem e das quais não conseguem escapar depois. Várias músicas do The GazettE falam sobre a exploração e todas as questões negativas que eles enfrentaram.

A placa: Florida | WUS | 45R | Sunshine State

  1. WUS = Wake Up Screaming (acordar gritando) ou What U Saying? (o que você está dizendo?)

A música fala sobre “acordar” para a sua própria realidade, se conectar e enxergar o tempo perdido. Mais de uma vez, a letra fala sobre não conseguir enxergar, não saber por onde começar a mudança, os gritos na mente, a angústia e o sofrimento que persegue os personagens.

Gritos trazem à tona um passado distorcido… A névoa bloqueou meus olhos, escondendo tudo… Preso na minha mente, enlouqueço, devastado por fantasmas do meu passado… Por onde começar?”

“Grite, porque sob essa rejeição existe uma angústia infinita. Sofra, porque agora você vê quem era e os dias que perdeu na indiferença”

Pode ser também uma referência à confusão dos dois, que não conseguem compreender as diversas mensagens e conselhos que recebem. No vídeo, cada quarto onde entram tem pintada a palavra “choice” (escolha), mas eles continuam sempre escolhendo fazer o pior possível.

Esta é provavelmente uma forma de falar sobre toda a ajuda que foi oferecida a cada um dos membros da banda em algum momento da vida, mas que eles decidiram ignorar e acabaram por causar o próprio sofrimento e o dos outros.

 

2. 45R

45 = A soma de 4 e 5 é “9“, número fundamental para este álbum.

R = “right” (direita). A direita é a direção relacionada com o futuro. Pode ser uma referência ao próximo álbum da banda ou o desejo que eles tem de continuar seguindo carreira juntos.

 

3. Sunshine State

Esse é o slogan do estado da Flórida, nos EUA, e quer dizer “o estado ensolarado”. Precisamos lembrar de que o Japão é conhecido como “a terra do sol nascente”. A Flórida, nesse caso, é usada como uma releitura para o país aonde o The GazettE cresceu.

 

O título da música aparece em uma cena em que Ruki apaga as luzes de um estacionamento, enquanto assiste aos personagens fugindo dentro do carro. A frase que ouvimos, e que é mostrada na tela, é “Falling deep into the dark” (“mergulhando fundo na escuridão” ou “afundando na escuridão”).

O rapaz olha diretamente para a câmera (o passado encara quem está assistindo) enquanto Ruki olha para a esquerda (a direção relacionada com o passado). O interessante é que a cena da fuga é toda para a direita (os personagens estão indo em direção ao futuro), a única pessoa que se move para a esquerda (o passado) é Ruki.

A banda então aparece tocando no estacionamento, ainda com as luzes apagadas e iluminado apenas pelas luzes guia de emergência, que são vermelhas. [espero que esteja dando pra acompanhar…]

Os próximos cortes são uma sucessão bem rápida no vídeo:

 

 

O rapaz desperta em um quarto bastante deteriorado, que parece estar abandonado ou em reforma, com um saco (que o impede de enxergar) aonde estão escritas as palavras “THE PAST” (“o passado”). Na parede estão colados números romanos que vão de 1 a 12 (o número 8 não aparece) e que provavelmente representam as horas (o tempo). Talvez a ausência do número 8 seja uma indicação de que, na história, são 8 horas [ou talvez seja uma referência a DOGMA, o 8º álbum da banda]. O tempo está passando e chegou a hora de mudar.

 

 

Na cena seguinte, a moça aparece diante da porta de um motel e retira uma faca que prende uma nota de 20 dólares onde a palavra “PAST” (“passado”) está escrita com o que parece ser batom cor de sangue.

Acredito que esta seja uma referência às escolhas que a banda teve que fazer contra a própria vontade para conseguir fama e dinheiro. A moça para diante da porta e pensa um pouco antes de entrar, o que mostra indecisão. Junto com o dinheiro ela pega a faca, que provavelmente simboliza toda a raiva que os músicos acumularam e as atitudes que tomaram e que feriram outras pessoas.

Enquanto o rapaz, atordoado, tenta conter um sangramento no nariz (causado provavelmente pelo uso de drogas) colocando o rosto dentro da água (que pode ser uma referência à sensação sufocamento e distorção da realidade), Ruki, com uma expressão distante, canta sentado em uma poltrona posicionada próximo aos pés da cama aonde o rapaz acabou de acordar. Nesse caso, o “presente” (creio que, no vídeo, Ruki represente todo o The GazettE), observa o “passado” de perto, mas não pode interferir com o que acontece (não se pode mudar o que já aconteceu, afinal de contas). Quando o rapaz tira a cabeça da água, o espelho, antes limpo, exibe uma carinha sorridente pintada com sangue.

Isso provavelmente simboliza o sofrimento e a depressão disfarçados com sorrisos falsos diante das pessoas, as máscaras que eles tiveram que usar por serem figuras públicas e, portanto, terem sempre que “estar bem”, mesmo quando esse não era o caso. Diante do espelho, o rapaz parece envergonhado ao encarar a própria imagem.

 

 

A menina entra no quarto armada com a faca atrás das costas e encontra um homem sentado numa poltrona velha, como se estivesse em um trono. Ele olha para ela e joga dinheiro no chão. Ela tem escolhas (atrás dela, o poster mostra seu rosto e a palavra “escolha”, em inglês), pode sair, pode atacar o homem, pode até mesmo se ferir, mas escolhe recolher o dinheiro e, ao que o vídeo insinua, se prostituir.

Essa parece ser a forma como o The GazettE se sentiu muitas vezes durante o início da carreira. Explorados e usados por pessoas/empresas que não se importavam com eles e que deixaram muitos ressentimentos. Ainda assim, eles escolhiam manter esses “contratos”.

Nessa sequência de cenas, enquanto a menina usa drogas para conseguir cumprir com o que precisa fazer no quarto, o rapaz borra a cara feliz no espelho.

Isso significaria que o único momento em que eles não precisavam fingir estar felizes e satisfeitos, era quando estavam sob o efeito de alguma substância e era isso que eles faziam para aguentar a rotina.

Eles, então, surtam e resolvem acabar com tudo, decidindo que é melhor morrer, ou seja, que a banda nunca dê certo / eles nunca façam sucesso, do que ter que passar por aquilo. Ele toma os últimos comprimidos, acende um cigarro e sai pela porta. Ela dança pelo corredor depois de matar o homem e, no caminho, joga fora o celular [meu bem, não me liga]. É um pequeno momento de liberdade.

Este trecho é provavelmente referência a algum contrato que eles abandonaram e que foi tóxico para a banda. Vale lembrar que o The GazettE passou por muitas gravadoras e agenciadoras no decorrer da carreira, mas o contrato mais significativo deles foi com a PS Company, que a banda abandonou em 2018 para fundar a própria agência – a Heresy Inc. – adquirindo o poder de representar a si mesmos.

Com o final do contrato, a PS ficou sem nenhum grupo de renome e não conseguiu emplacar nenhum sucesso. A verdade é que os caras praticamente “mataram” a gravadora. Entre as situações que envolveram a PS Company, esteve a influência do selo, de forma que nunca ficou 100% clara, em forçar Ruki a abandonar a Vital Material – marca de cosméticos que ele havia criado. O vocalista nunca explicou especificamente o que aconteceu, mas ficou óbvio o quanto o fato o magoou.

 

 

Quando os dois personagens se encontram pela primeira vez, no elevador, ela está coberta de sangue e ele está drogado, mas imediatamente eles se conectam. Ruki então aparece cantando num quarto, diante das fotos dos dois [observe que o rapaz, na foto, olha para a esquerda – o passado – e, a menina, para a direita – o futuro]. Os dois aparecem tomando banho (tentando se limpar), mas o rosto sorridente volta a aparecer no espelho e as mãos dela continuam ensanguentadas.

A banda está finalmente livre, mas não consegue se livrar do passado. Ainda estão fingindo estar bem e sendo perseguidos pelos maus hábitos e os contatos que mantiveram durante todo o tempo. A única forma de realmente acabar com o que está acontecendo é começar de novo. Renascer.

 

 

As luzes no quarto mudam e, sobre as fotos, aparece a palavra “escolhas”, em inglês, simbolizando que eles finalmente tomaram uma decisão e resolveram agir, não importando as consequências. Eles estão no escuro, com apenas uma pequena luz para guiá-los [essa luz aparece no formato do logotipo do álbum NINTH, que aparece sobre o capô do carro no lugar da marca original]. Enquanto os dois dirigem, ainda sem destino claro, Ruki aparece diante do espelho limpando com as mãos a imagem da carinha feliz.

A banda finalmente está livre para escolher seu caminho sem se importar com o passado ou com o futuro e sem precisar fingir ou buscar formas de aceitar uma realidade da qual não querem fazer parte. Estão prontos para renascer e se tornar o que realmente querem ser.

 

 

Os ambientes por onde os dois passaram durante o vídeo começam a ser exibidos em meio a uma chuva de papel picado [o mesmo efeito é utilizado pelo The GazettE ao final de seus shows de encerramento de turnê – os que normalmente são enormes e gravados em DVD/BluRay no Japão], as cenas são intercaladas com imagens dos dois jovens dentro do carro, até que eles se atiram de um penhasco.

Os papéis picados são uma referência à queda das flores das cerejeiras durante o equinócio de primavera no Japão. Durante 7-10 dias, as pessoas se reúnem em áreas em que existam cerejeiras para observar as flores e comer ao ar livre com amigos e família. É um evento muito importante, e talvez o mais marcante da tradição japonesa. As flores da cerejeira simbolizam o quanto a vida é curta e a esperança do renascimento.

Enquanto o carro cai, cenas anteriores do vídeo vão sendo exibidas, entre elas, uma em que os dois trocam uma promessa de amizade.

Não dá pra ver na imagem as mãos dos dois, mas aos 3:31 do vídeo dá pra perceber que eles estão com os dedos mindinhos entrelaçados, um sinal que, principalmente no Japão, simboliza que as pessoas envolvidas estão fazendo uma promessa de amizade eterna. O The GazettE fala sobre essa promessa na música Wakaremichi (entre outras) e existem vídeos em que a banda, diante da reação do público cantando com eles e oferecendo os dedos mindinhos em sinal de promessa, reage chorando [igual eu agora, escrevendo sobre isso].

 

 

Ao final da queda, Ruki – o “presente” – aparece diante do espelho limpo, um sinal de que toda a “sujeira” que sufocava os personagens finalmente deixou de influenciá-los. Diante da cena da explosão, os dois caminham então, sorrindo e se abraçando. Este não é um sinal de que eles escaparam da queda. Pelo contrário, eles caíram, morreram e renasceram. As pessoas caminhando são as novas versões deles, já sem o peso que carregavam no início.

Resumindo: FALLING é a forma que o The GazettE encontrou de contar ao público que renasceu e está pronto para viver ao máximo e se sacrificar, se preciso, por aquilo que eles acreditam, sendo verdadeiros e genuínos consigo mesmos e com os fãs. Eles finalmente tem orgulho de quem são, de onde chegaram e não precisam fingir. É uma ótima música para preceder NINTH ODD SMELL, em que a primeira frase é exatamente “This soul can never die” (Esta alma é imortal).

 

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03. NINTH ODD SMELL

 

 

A poderosa e pesada faixa é a terceira música do álbum NINTH, do The GazettEe uma mais tocadas em todas as fases da turnê.

NINTH ODD SMELL traz muitas referências à carreira, à vida e aos álbuns anteriores do The GazettE, nos levando por uma viagem de autorreflexão sobre a história da banda e de seus integrantes, assim como a importância da presença dos fãs nas vidas deles.

 

NINTH ODD SMELL

 

This soul can never die

daiichi “konton” wa muchi no yaiba

itan wa hangyaku no nakayubi date

 

kyoumei to kake agari

mukau kyuudan no yoku

daini no “mu”

yami wo saita mirai

Nameless lights

 

tsumikasanari ugomeku Rubbish

yagate kuru koku no maefure

 

guren matou zetsubou honogurai soko wo hai

gishinanki no tou miorosu sekai

 

doko wo nodo ni karamase uzumaita hibi

chigirete iku kokoro ga itai

suitai ni ukitsu kanjyou wa

yuganda ikei no naka de

inside an odd distorted appearance

juusankai ni tadoritsuku

sou kuroi kuroi kuroi yami wo daite

 

We fucking never die

This soul can never die

We fucking never die

Can’t never die

 

ryoute hiroge yubi hitotsu hiite

mukau owari ni

sei wo tsuroshi hajike tobu

 

genzai koko ni mazari ai

keisai sareta sugata

daikyuu “ikiteita shoumei”

 

hotokete chiru made

sabitsuita kokoro wo tokashi

tada kowareta you ni risou egaku

hishimeku koe to yuugen no naka de

yamanu fushousae

sou kurae kurae kurae kurae

KURAE!

 

We fucking never die

This soul can never die

We fucking never die

Can’t ever LIE

We fucking never die

This soul can never die

We fucking never die

I won’t ever lie

 

guuzousuuhau Inside me

O CHEIRO ÍMPAR DO 9º

 

Esta alma é imortal

A primeira “desordem”, a lâmina da ignorância.

A heresia levanta o dedo do meio desta rebelião 1

 

Junto com a ressonância 2

veio o desejo de chegar ao nono degrau 3

Em seguida, veio o “nada” 4

O futuro no qual rasgamos a escuridão

com luzes sem nome

 

Se arrastando, como um verme sob uma pilha de lixo, 5

chega um terrível presságio 6

 

Desespero velado em vermelho, rastejando nas profundezas sombrias 7

Da torre, onde me atiro às sombras, observo o mundo abaixo 8

 

Os dias se misturam e fazem o veneno grudar na minha garganta 9

Meu coração partido dói 10

As emoções surgem e então apodrecem

em uma malformação distorcida 11

Com dificuldade, finalmente alcançamos o 13º andar 12

Nos deixando dominar pela mais absoluta escuridão 13

 

Nós somos imortais

Esta alma é imortal

Nós somos imortais

Nunca morreremos

 

Mostre as duas mãos e subtraia um dedo 14

O fim se aproxima

e me liberto desta vida sufocante

 

Agora nos misturamos

e assumimos esta forma única

O nono, “prova de que vivemos” 15

 

Até que nos despedacemos e desapareçamos 16

derreteremos nossos corações enferrujados

fingindo que são apenas visões, sonhos despedaçados

Mesmo diante desse absurdo e horrível presságio

estas vozes serão empurradas até o limite

Então, as receba, receba, receba, receba

RECEBA!

 

Nós somos imortais

Esta alma é imortal

Nós somos imortais

Nunca vamos MENTIR

Nós somos imortais

Esta alma é imortal

Nós somos imortais

Eu nunca vou mentir

 

Reverencio aos ídolos dentro de mim

 

Sobre a música:

Esta faixa faz fortes referências à história da banda, mais ou menos como acontece com DIM SCENE, no álbum DIM [sim, vai ter tradução de DIM no Tramamos também! me aguardem]. A diferença é que, em NINTH ODD SMELL a banda percorre todos os álbuns, mencionando todos os períodos da carreira do The GazettE, o que fica bastante óbvio quando analisamos a letra.

Para facilitar, marcamos tudo com números, para você acompanhar as referências:

 

1.

Esta passagem fala sobre a “fase” do álbum Disorder (desordem), quando a banda tinha uma aparência e comportamento, assim como letras e músicas, mais rebeldes, inspiradas no movimento punk. Eles também mencionam sua fanbase, que ficou conhecida oficialmente como “Heresy” (“heresia”) e se referem aos fãs como a manifestação física do espírito do The GazettE.

2.

A “ressonância”, na música, é uma referência aos primeiros fãs e como as suas vozes ressoam com as letras e as músicas da banda, inspirando o The GazettE a desejar chegar ainda mais longe.

3.

Este trecho pode ser traduzido também como “um longo caminho a seguir”, o que reforça a última frase. Apesar disso, a referência ao “9º degrau” parece também estar relacionada com a primeira live do The GazettE no Budokan, já que o tradicionalíssimo centro de eventos está localizado na estação Kudanshita que, em tradução literal, quer dizer “abaixo de nove degraus”. É também uma ótima conexão entre o passado e o presente da banda, que chegou ao “9º degrau”, ou seja, o próprio álbum NINTH.

4. 

Quando a letra diz “mu”, a palavra também pode significar “ignorância“, mas acredito que a referência é claramente algo como: “vazio, nada ou nulo“, que é o significado de “NIL“.  [mais alguém aí com o coração batendo mais forte?]

5.

A “pilha de lixo”, em inglês, é literalmente Stacked Rubbish. Preciso dizer mais alguma coisa? [se você é um Gazerocker iniciante, Stacked Rubbish é o nome do terceiro álbum da banda, que traz obras primas como “Hyena”, “Filth in the Beauty”“Chizuru” e “Burial Applicant”].

6. Esse “presságio”, ou “anúncio de má-sorte”, está relacionado a uma fase muito ruim que a banda passou na época. Em uma entrevista, Ruki chegou a mencionar que havia um motivo para DIM ser um álbum tão sombrio. Esse “mau agouro” provavelmente é uma maneira de falar sobre o início e o que houve durante os períodos difíceis que os integrantes enfrentaram.
 7.

Referência direta e clara a Guren (vermelho) e DIM (as “profundezas sombrias”, de “dim” – em inglês, que significa “sombrio, apagado, escuro“).

 8.

“Tou” significa, literalmente, “torre”, mas também é uma palavra bastante associada com templos, normalmente budistas, principalmente aqueles que ficam em lugares altos. Muitos músicos se referem aos palcos como se fossem templos e comentam sobre a sensação de ver um mar de pessoas diante deles, enquanto estão acima de todos.

9. “veneno” preso na garganta é uma referência à “Venomous Cell” e toda a [maravilhosa] era que envolveu o álbum Toxic.
 10. “Coração partido/despedaçado” = Division [se perdeu? Division é outro álbum do The GazettE que você precisa ouvir].
 11. “Malformação distorcida” Beautiful Deformity [mais um álbum que você tem que conhecer].
 12. “13º andar” é o 13º aniversário da banda, que culminou com o lançamento de DOGMA.
13. “escuridão” é novamente o álbum DOGMA, o mais pesado e sombrio do The GazettE, também considerado por muitos o mais coeso [talvez o melhor] da banda.
 14. Este trecho pode ser compreendido de duas formas “mostre as duas mãos e subtraia um dedo”. Fazendo isso, você terá o número 9 [pensei em fazer uma piada sobre política, mas não vou]. Poderia ser uma dica de que existe a intenção (talvez um plano) para o 10º álbum?
 15. Aqui existe a referência direta à NINTHÉ o ponto em que a música finalmente chega ao tempo presente e um reflexo à jornada até aqui.
 16. [Esta é a parte mais dolorosa para mim]. Ao falar sobre se despedaçar e desaparecer”, como a letra em japonês foi escrita com palavras completas, a tradução precisa realmente ficar dessa forma. Acontece que, se unirmos os kanjis utilizados para escrever essas duas palavras, temos a palavra “kaisan”, que significa “debandar, separar”, ou seja, a frase na verdade quer dizer “Até nos separarmos” (que a banda acabe). [tenho vontade de chorar só de pensar].

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O Tramamos vai continuar atualizando este e outros posts com informações, letras, curiosidades e mais sobre o The GazettE.

Quer saber o que vai rolar no show? Não deixe de conferir nosso post com as músicas mais tocadas desde o início da turnê NINTH!

Procurando ingressos, valores, localização e outras informações sobre o show do The GazettE na América Latina? Clique aqui para saber tudo o que está rolando!

 

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Aida Mori

It’s me, Mori_A! Colunista de um pouco de tudo. Apaixonada por música, literatura, videogames, cinema e gatos. Provavelmente velha demais pra essa maluquice. Escorpiana, paulista, millenial, nerd, taróloga, mãe de gatos.

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